ATA DA VIGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA
ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 23.04.1997.
Aos vinte e três dias do mês de abril do ano de mil
novecentos e noventa e sete, reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio
Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi realizada a
chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni,
Antônio Losada, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Clovis
Ilgenfritz, Cyro Martini, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Elói Guimarães,
Fernando Záchia, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, Isaac
Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro,
Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro
Américo Leal, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães e Tereza Franco. Ainda, durante
a Sessão, compareceram os Vereadores Antonio Hohlfeldt e Pedro Ruas. Constatada
a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os
trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Vigésima
Sexta Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo
Executivo Municipal, o Projeto de Lei do Executivo nº 17/97 (Processo nº
1369/97); pelo Vereador Décio Schauren, o Projeto de Lei do Legislativo nº
55/97 (Processo nº 1214/97); pelo Vereador Gerson Almeida, o Projeto de Lei do
Legislativo nº 49/97 (Processo nº 1152/97); pelo Vereador Hélio Corbellini, o
Projeto de Lei do Legislativo nº 54/97 (Processo nº 1200/97) e o Projeto de Lei
Complementar do Legislativo nº 07/97 (Processo nº 1215/97); pelo Vereador João
Dib, o Projeto de Lei do Legislativo nº 72/97 (Processo nº 1302/97); pelo
Vereador Luiz Braz, 01 Pedido de Informações nº 70/97 (Processo nº 1283/97);
pelo Vereador Reginaldo Pujol, o Projeto de Resolução nº 12/97 (Processo nº
1362/97). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 31/97, do Deputado Paulo
Azeredo, Presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo da
Assembléia Legislativa/RS; 37/97, do Cabo Pedro Dias de Moraes,
Diretor-Presidente da Associação dos Cabos e Soldados da Brigada Militar/RS;
64/97, do Vereador Rene Nedi de Souza Ribeiro, Presidente da Câmara Municipal
de São Borja/RS; 183/97, do Senhor Dieter Wartchow, Diretor-Geral do Departamento
Municipal de Água e Esgotos - DMAE; 238 e 274/97, do Vereador Francisco
Carvalho, Presidente da Câmara Municipal de São Luís/MA; s/nº, do Senhor
Fernando Ferrari, Diretor da Brasil Sul Congressos - Desenvolvimento Pessoal e
Empresarial; s/nº, da Diretoria da Associação Brasileira da Indústria Elétrica
e Eletrônica - ABINEE; s/nº, da Comissão Mista de Gerenciamento do Arroio
Areia; Cartão do Senhor Odair Campos da Silva, Chefe do Gabinete da Secretaria
de Justiça e da Segurança do Estado/RS; Convites: da Associação do Ministério
Público do Rio Grande do Sul, para o jantar-dançante comemorativo à posse do
Procurador-Geral de Justiça, Doutor Sérgio Gilberto Porto; do Sindicato dos
Professores do Estado/RS e do Instituto Estadual do Cinema, para a pré-estréia
do filme "O que é isso companheiro?", do cineasta Bruno Barreto; do
Doutor Voltaire de Lima Moraes, Procurador-Geral de Justiça, para a Sessão
Solene de posse do Doutor Sérgio Gilberto Porto no cargo de Procurador-Geral de
Justiça do Estado/RS; da Petroquímica Triunfo, em comemoração ao seu décimo
oitavo aniversário, para o Show "Ângela Maria e Borghetti cantam
Lupi"; Impressos: da União dos Vereadores do Brasil - UVB, divulgando o
XXXVI Encontro Nacional de Vereadores em Brasília/DF; da TD Consultoria,
divulgando o II Seminário de Assuntos Polêmicos de Câmaras Municipais; da
Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, da Confederação Nacional dos
Trabalhadores da Alimentação da CUT, da Federação dos Trabalhadores nas
Indústrias da Alimentação e da Central Única dos Trabalhadores - CUT/RS,
divulgando o Seminário Qualificação Profissional - Uma Chave para o Ano 2000;
da Tecmold - Sistema Construtivo, divulgando o 1º Seminário Internacional de
Alvenaria Estrutural; do Instituto Fernando Pessoa, divulgando o programa
básico do Curso de Formação Cultural daquela instituição. Na ocasião, foi feito
um minuto de silêncio em memória do índio Galdino Jesus dos Santos, da Tribo
Pataxó, vítima de homicídio, em Brasília/DF, no dia treze de abril do corrente.
A seguir, o Senhor Presidente registrou as presenças do Engenheiro Hideraldo
Caron, Secretário Municipal do Meio Ambiente, e do Professor Rualdo Menegat,
Secretário Adjunto daquele órgão, concedendo a palavra às Suas Senhorias, que
discorreram sobre o projeto do Atlas Ambiental de Porto Alegre, promovido pelo
convênio firmado entre a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, a Universidade
Federal do Rio Grande do Sul e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, e
respondendo a questionamentos dos Vereadores Cláudio Sebenelo, Gerson Almeida,
Adeli Sell, Cyro Martini e Guilherme Barbosa, acerca desse assunto. Em
continuidade, o Senhor Presidente informou que se ausentará da presente Sessão,
juntamente com os Vereadores Reginaldo Pujol e Sônia Santos, a fim de representar
a Casa em cerimônia a ser realizada no Tribunal Regional Eleitoral. Às quatorze
horas e cinqüenta e três minutos, os trabalhos foram suspensos, nos termos
regimentais, sendo retomados às quatorze horas e cinqüenta e seis minutos,
constatada a existência de "quorum". A seguir, foi aprovado
Requerimento verbal, de autoria do Vereador João Motta, solicitando alteração
na ordem dos trabalhos da presente Sessão. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador
João Dib, referindo-se a incidentes verificados na Sessão Ordinária do dia
dezesseis de abril do corrente, contestou notícias veiculadas pela Assessoria
de Imprensa da Casa, de que teria faltado com o decoro parlamentar durante
aquela Sessão. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada
a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do
Executivo nº 04/97. A seguir, foram aprovados
os seguintes Requerimentos: de nº 90/97 (Processo nº
1312/97 - Moção de Solidariedade ao movimento da UGEIRM - Sindicato, que
reclama o cumprimento da Lei 10.395), de autoria do Vereador Cyro Martini, por
dezoito votos SIM e sete votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores
João Dib, Cyro Martini, Luiz Braz, Cláudio Sebenelo, Juarez Pinheiro, Fernando
Záchia, Isaac Ainhorn e Reginaldo Pujol, sendo submetido à votação nominal por
solicitação do Vereador Pedro Ruas, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell,
Carlos Garcia, Cyro Martini, Décio Schauren, Elói Guimarães, Gerson Almeida,
Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta, José
Valdir, Juarez Pinheiro, Maria do Rosário, Paulo Brum, Pedro Américo Leal,
Pedro Ruas e Renato Guimarães e Não os Vereadores Anamaria Negroni, Antonio
Hohlfeldt, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Fernando Záchia, João Carlos Nedel
e Reginaldo Pujol; de nº 95/97 (Processo nº 1336/97 - proposta de Emenda à
Constituição do Estado do Rio Grande do Sul), de autoria do Vereador João
Motta, por dezesseis votos SIM, sete votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, após ser
encaminhado à votação pelos Vereadores João Dib, Pedro Ruas, João Motta, Carlos
Garcia, Luiz Braz e Gerson Almeida, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell,
Carlos Garcia, Cyro Martini, Décio Schauren, Elói Guimarães, Gerson Almeida,
Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Motta, José Valdir,
Juarez Pinheiro, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Pedro Ruas e Renato
Guimarães, Não os Vereadores Anamaria Negroni, Cláudio Sebenelo, Clênia
Maranhão, Fernando Záchia, João Carlos Nedel, Luiz Braz e Tereza Franco e
optado pela Abstenção o Vereador João Dib; de nº 98/97 (Processo nº 1363/97 -
Sessão Solene para homenagear a Sociedade Gondoleiros), de autoria do Vereador
Luiz Braz; de nº 96/97 (Processo nº 1337/97 - designação para representar a
Casa em eventos alusivos ao Dia Nacional da Mulher, em Cruz Alta/RS), de
autoria da Vereadora Tereza Franco. O Requerimento nº 86/97 (Processo nº
1296/97 - inserção em Ata de Voto de Congratulações com a Companhia
Jornalística Caldas Júnior, por editorial publicado na página Opinião do Correio
do Povo no dia onze do corrente mês), de autoria do Vereador Cyro Martini, por
determinação do Senhor Presidente, foi retirado da Ordem do Dia e encaminhado à
Comissão de Constituição e Justiça da Casa. Durante a votação dos
Requerimentos, o Senhor Presidente, respondendo a Questões de Ordem dos
Vereadores João Dib e Luiz Braz, informou que alterações constitucionais exigem
maioria relativa para suas aprovações, maioria essa equivalente à maioria
simples, sendo que tal assunto deverá ser posteriormente encaminhado à Comissão
de Constituição e Justiça da Casa para maiores esclarecimentos; respondendo a
Questões de Ordem dos Vereadores Nereu D'Ávila e Fernando Záchia, informou que,
em casos de Moções, é enviado ao destinatário apenas o texto principal, não acompanhado
de sua justificativa; respondendo a Questões de Ordem dos Vereadores João Dib,
Juarez Pinheiro, Clênia Maranhão e Nereu D'Ávila, esclareceu que os Votos de
Congratulações, para serem registrados
em Ata, necessitam de deliberação do Plenário; respondendo a Questões de Ordem dos
Vereadores Clênia Maranhão, Isaac Ainhorn, Luiz Braz e Maria do Rosário,
informou que seriam providenciadas, pela Diretoria Legislativa, cópias da Lei
nº 10.195. Também, registrou as presenças dos Senhores Luís Bastian de Carvalho
e Hélio Guedes, respectivamente, ex-Presidente e fundador da Caixa Econômica
Estadual, e de alunos e professores da Escola Pequeno Gênio do Bairro Partenon.
Ainda, durante a votação dos Requerimentos, os trabalhos estiveram suspensos
por um minuto, nos termos regimentais, e o Vereador Cyro Martini autorizou a
cedência, para a Vereadora Clênia Maranhão, de cópia dos apanhados
taquigráficos de seu discurso de encaminhamento do Requerimento nº 90/97, bem
como efetuou pedido de desculpas no caso de ter se referido de maneira
inadequada à Sua Excelência durante aquele pronunciamento. Em continuidade, o
Senhor Presidente registrou o recebimento do Ofício nº 196/97, do Senhor
Prefeito Municipal, comunicando alteração na data do Encontro da Frente Nacional
de Prefeitos. Ainda, o Senhor Presidente informou ao Plenário de seu
comparecimento, acompanhado dos Vereadores Reginaldo Pujol e Sônia Santos, à
Sessão Solene de Posse dos Desembargadores Celeste Vicente Rovani - Presidente, e Élvio Schuch Pinto - Vice-Presidente e
Corregedor Regional do Tribunal Regional Eleitoral. Após, foi aprovado
Requerimento verbal do Vereador José Valdir, solicitando alteração na ordem dos
trabalhos, passando-se ao período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado a homenagear
o qüinquagésimo segundo aniversário do Centro dos Professores do Estado do Rio
Grande do Sul - CPERS/Sindicato, ocorrido em vinte e um de abril do corrente,
nos termos do Requerimento nº 77/97 (Processo nº 1212/97), de autoria do
Vereador José Valdir. Compuseram a Mesa: o Vereador Clovis Ilgenfritz,
Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Professor Delmar Steffen,
ex-Presidente do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul -
CPERS/Sindicato, representando o Prefeito Municipal de Porto Alegre; a Professora
Lúcia Camini, Presidente do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do
Sul - CPERS/Sindicato; a Senhora Sofia Cavedon Nunes, Secretária Adjunta da
Secretaria Municipal de Educação; o Vereador Paulo Brum, lº Secretário da Casa.
Também, como extensão da Mesa, foram registradas as presenças das Professoras
Neiva Lazarotto, Neida Oliveira e Maria Inajara Silveira, Diretoras do
CPERS/Sindicato, e do Professor Cláudio Quenerim, representante do Departamento
de Esgotos Pluviais. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador José Valdir reportou-se à
criação, há cinqüenta e dois anos, do então Centro dos Professores Primários do
Estado do Rio Grande do Sul, atual Centro dos Professores do Estado do Rio
Grande do Sul - CPERS/Sindicato, destacando a luta desenvolvida por esse Centro
na busca de uma nova escola e de maior respeito pelos trabalhadores da
educação. A Vereadora Maria do Rosário registrou o compromisso de luta e
diálogo desses cinqüenta e dois anos de história do CPERS/Sindicato, o qual
engrandece nosso Estado. Lembrou, também, a expectativa da categoria
quanto ao atendimento de suas reivindicações. O Vereador Carlos Garcia
destacou ser urgente priorizar a área da educação, através de medidas que
possibilitem ao professor desempenhar com dignidade a sua função de agente
transformador da sociedade. O Vereador Cláudio Sebenelo lembrou a trajetória de
luta do CPERS-Sindicato, enaltecendo a figura do educador na construção de uma
sociedade mais democrática e igualitária. Após, o Senhor Presidente concedeu a
palavra à Senhora Lúcia Camini que, em nome do CPERS-Sindicato, agradeceu a
homenagem da Casa. Às dezoito horas e dois minutos, os trabalhos foram
regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezoito horas e três minutos,
constatada a existência de "quorum". Às dezoito horas e quatro
minutos, esgotado o prazo regimental da presente Sessão, o Senhor Presidente
declarou encerrados os trabalhos, convidando os Senhores Vereadores para as
Sessões Solenes de amanhã, às dezessete e dezenove horas, e convocando-os para
a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos
foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz e Paulo Brum e
secretariados pelos Vereadores Paulo Brum e Guilherme Barbosa. Do que eu, Paulo
Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após
distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Clovis
Ilgenfritz): Recebemos
o Engenheiro Hideraldo Caron, Secretário Municipal do Meio Ambiente e o
Professor Rualdo Menegat, Secretário Adjunto daquele órgão. Ambos estão
convidados a compor a Mesa. O assunto previsto para esta tarde é a apresentação
do Atlas Ambiental de Porto Alegre.
Aproveito a oportunidade para convidar os Senhores Vereadores a fazer
um minuto de silêncio em memória ao índio que foi brutalmente assassinado ontem
em Brasília. Um minuto de silêncio contra o que nós chamamos de cultura da
segregação, do consumismo e da impunidade, que tem vigorado em alguns momentos
em nosso País.
(É feito um minuto de silêncio.)
Antes de passar a palavra as duas autoridades que hoje nos visitam,
cujo assunto é a apresentação do Atlas Ambiental de Porto Alegre, confesso que
tenho bastante interesse em conhecê-lo melhor, uma vez que convivo com este
assunto também em casa, pois a minha esposa Lorena é pró-reitora da
Universidade e tem acompanhado com muito entusiasmo este trabalho. Então, faço
questão de conhecê-lo.
As regras para participação do Sr. Secretário e do Secretário Adjunto
são as seguintes: Vossas Senhorias têm trinta minutos para a exposição inicial
e, logo após, o requerente tem dez minutos e mais nove Vereadores podem se
inscrever para fazerem observações ou perguntas. As perguntas poderão ser
respondidas, em bloco, ou três a três, ou uma a uma. O Secretário e o
Secretário Adjunto vão dizer qual é a melhor forma e o Plenário também tem como
opinar sobre esta situação. Está com a palavra o Secretário Municipal do Meio
Ambiente, Hideraldo Caron.
O SR. HIDERALDO CARON: Saúdo o Exmo. Sr.
Presidente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, Ver. Clovis Ilgenfritz; o
Ver. Paulo Brum, demais Vereadores e demais pessoas presentes a esta Sessão.
Nós vamos fazer a apresentação de um Projeto que é resultado de um convênio
entre a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, a Universidade Federal do Rio
Grande do Sul e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Há mais ou menos
três anos resolveram estabelecer esforços mútuos para fazer a consecução de um
Projeto que possibilitasse Porto Alegre ser a cidade pioneira do nosso País em
ter uma publicação que possibilitasse a todos - desde os gestores públicos, o
meio empresarial e toda a população de Porto Alegre - ter acesso ao
conhecimento do meio físico da Cidade, do que é, do que foi e como se formou a
nossa Cidade. E mais do que isso, possibilitasse a construção de um instrumento muito importante para a
gestão pública, a gestão privada e, fundamentalmente, a educação ambiental no
nosso Município. O trabalho que está exposto no hall de entrada da Câmara de
Vereadores expressa um pouco o que é este projeto e nós apresentaremos, agora,
um material um pouco mais denso, que ainda é um protótipo do que será o Atlas
Ambiental de Porto Alegre. Pretendemos fazer o pré-lançamento já com todo o
material que será o conteúdo do Atlas, em junho, na semana do Meio Ambiente.
Pretendemos que o Atlas esteja publicado, para a distribuição nas escolas do
Município, nas escolas do Estado dentro de Porto Alegre, nas escolas
particulares e a venda para todos os cidadãos de Porto Alegre, por volta
de agosto ou setembro deste ano. Sem
dúvida, este é um projeto de altíssima repercussão. Temos, através de contatos
com pesquisadores que participaram e estão participando da produção do Atlas -
que reúne desde técnicos da Prefeitura, Professores da Universidade Federal e
técnicos internacionais - notícias de que esse Atlas é um produto inédito no
Brasil e na América Latina pela forma como foi concebido, de não ser apenas um
atlas para o conhecimento científico, destinado aos técnicos ou aos pesquisadores,
mas ser, além disso, um produto importante para a educação nas nossas escolas,
pela sua forma de concepção.
Devemos salientar aqui a importância muito grande que damos a esse
processo e, ainda, estamos buscando os patrocínios necessários para a publicação
do Atlas. Temos várias empresas de Porto Alegre e do Estado do Rio Grande do
Sul que são representativas do que ocorre no Estado e que estão apoiando. Eu
salientaria a PETROBRÁS, o Grupo Gerdau, o Grupo Zaffari, o SESC, a FAPERGS, a
VARIG, a COPESUL, Máquinas Condor. São todas empresas que já decidiram apoiar e
destinar recursos para a publicação do Atlas.
O Atlas não é um produto apenas de uma administração, apenas do desejo
e da participação da Universidade, mas também o produto da sociedade gaúcha, especificamente
daquelas empresas que estão sediadas em Porto Alegre e têm influência direta em
nossas vidas.
Passo a palavra ao Professor Rualdo, que é o coordenador de todo esse
trabalho, que é o professor do Instituto de Geociência da Universidade Federal
e que fará a apresentação do que temos produzido até hoje. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Sr. Rualdo Menegat está
com a palavra.
O SR. RUALDO MENEGAT: Sr. Presidente, Ver. Clovis
Ilgenfritz, Exmo. Secretário, Sr. Paulo Brum , Srs. Vereadores e demais presentes. É com muita honra
que apresentamos, nesta tarde, esse Projeto que é o resultado da união de
esforços de gigantes de uma terra que tem como o grande valor o conhecimento.
Gigante é a Prefeitura Municipal de
Porto Alegre, através do acúmulo de anos de dados técnicos e experiência
técnica de seus funcionários. Gigante como a Universidade Federal do Rio Grande
do Sul que pelo seu espírito público desenvolve pesquisa de relevância para a nossa sociedade. Gigantes
como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que proveu o Instrumental
Tecnológico para que pudéssemos mostrar, hoje, aqui, o protótipo do Atlas
Ambiental de Porto Alegre. Por ser um protótipo gráfico, ele foi feito
artesanalmente. O Atlas de Porto
Alegre pretende levar o cidadão de nossa Cidade à fascinante aventura de
conhecer o mundo em que vive com exemplos de nossa Cidade. Ele será um
livro no formato de 32 cm x 40 cm. Terá uma sobrecapa, uma capa dura, um
CD-Room , páginas de apresentação: a primeira de rosto; a segunda página de
rosto; a página dos patrocinadores - que o Secretário exemplificou - é uma
página em papel cartolinado e
reciclado. As páginas de
apresentação dos mandatários das instituições que participaram deste projeto:
Magnífica Reitora, Profa. Wrana e o Prefeito de Porto Alegre, Raul Pont. A
página do prefácio, feita pelo Prof. Ramón Margalef, um dos mais destacados
ecólogos da atualidade e que esteve em Porto Alegre. O sumário que apresenta a
obra. A obra tem três grandes sessões: o sistema natural, o sistema construído
e a gestão ambiental. Na verdade trata-se de uma história natural de Porto
Alegre como pensavam os naturalistas do século passado, só que com os
conhecimento teóricos e técnicos e a cosmovisão do final deste século. Esta
obra apresentará a história de Porto Alegre, a partir de 800 milhões de anos
atrás até os dias atuais. Vários capítulos compõem o sistema natural, como: a
geologia, a geomorfologia, a hidrografia, a paisagem vegetal, a fauna, o clima
e as áreas de interesse ambiental; depois do sistema construído, a evolução
urbana da Cidade, com a chagada de Ornellas, os primeiros arraiais, as
primeiras nucleações até essa metrópole; os sistemas de impacto ambiental ativo
na nossa Cidade, o sistema de saneamento e, por fim, a gestão. Cada sessão é
aberta com uma página, com fotografias de
página dupla. Cada capítulo é acompanhado de mapas temáticos inéditos,
em termos técnicos e científicos, e esses mapas são acompanhados de
blocos-diagramas, que ilustram a dinâmica histórica que tornou possível a
configuração temática descrita pelo mapa. Esses mapas e diagramas são
acompanhados de cartas com documentação fotográfica; no capítulo de paisagem
vegetal, mapas de última geração, feitos a partir da análise de imagens de satélite.
A fauna, toda ela descrita através de dioramas, as áreas de interesse
ambiental, o sistema construído com blocos diagramas ilustrativos e materiais
de última geração, como essa carta-imagem do Município de Porto Alegre e
páginas de acabamento. Este Atlas é o resultado de mais de quinze mil horas de
trabalho. Reúne uma impressionante documentação sobre Porto Alegre,
ilustrando a situação há 800 milhões de anos, quando tínhamos uma
pré-África, uma pré-América, separadas pelo antigo Oceano Adamastor, que era um
pré-Oceano Atlântico. Esses dois pré-continentes fecharam, formaram uma grande
cordilheira, a exemplo do Himalaia, e foi nas raízes dessa cordilheira que se
introduziram granitos que hoje afloram na região de Porto Alegre. Chamo atenção
para uma peculiaridade: é exatamente essa crista de morros, que vai do Morro
Santana até o Morro do Osso, que é formada por um único tipo de granito, que é
o granito santana, o granito que se alojou exatamente no limite entre esses dois pré-continentes antigos. Portanto,
quando nós vamos para a zona sul da Cidade e atravessamos essa crista de morro,
nós vamos para um pré-continente africano, e aqui no lado norte da crista
estamos num pré-continente americano. E assim por diante é ilustrada a evolução
da paleofauna que teve lugar aqui em
Porto Alegre com os dissinodontes, os tecodontes, a formação do
continente de Gonduana, a separação do Brasil e da África; Porto Alegre, há 400
mil anos atrás, há 380 mil anos atrás, quando toda essa região foi afogada pelo
Oceano Atlântico, que estava 50 metros acima do nível do mar. Isso significou
água até a região de São Leopoldo, e depois todas as transversões que formaram
o Lago do Guaíba, a Laguna dos Patos, a morfologia atual. Aqui está uma
reconstrução de Porto Alegre no início do século, com o curso natural do então
arroio dilúvio; a evolução da paisagem vegetal; a nossa fauna; os bichos que
existem aqui em Porto Alegre - alguns que existiam não existem mais. De sorte
que o leitor poderá saber qual é a fauna, a vegetação, com exemplos locais, sem
necessariamente utilizar-se de exemplos da África, que são muito bonitos, mas
os nossos estudantes, os nossos cidadãos, às vezes, não sabem que em Porto
Alegre ainda tem bugios e outros animais.
A evolução da Cidade, as situações de impacto ambiental, as fotografias
que ilustram o Atlas, enfim, todo esse trabalho procurará fazer com que cada
cidadão possa apropriar-se de fato de um conhecimento técnico-científico, que o
torne um agente capaz de gerir o meio ambiente, o entorno da nossa Cidade. A
concepção toda deste projeto é a de que o cidadão, além das normas que a
sociedade estabelece, deve ter um entendimento profundo para conseguir resolver
os problemas ambientais que, às vezes, os receituários não antevêem. Com esse
Atlas, Porto Alegre terá, sem dúvida, um instrumento eficaz importantíssimo,
inédito no Brasil, inédito na América do Sul e, segundo uma equipe de
pesquisadores da Universidade de München, na Alemanha, inexistente até naquele
País. Era isso que tínhamos a dizer. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Agradecemos as palavras do
ilustre Secretário Hideraldo Caron e também do Professor, Geólogo - é
importante que se diga, pelo entusiasmo com que ele coloca a questão da
Geologia - e Secretário-Adjunto Rualdo
Menegat. Agradecemos também à funcionária Alceste que ajudou muito no
desempenho da amostragem que foi feita. Colocamos a palavra à disposição dos
Vereadores.
O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e componentes da Mesa, gostaria de congratular-me com o Secretário
Hideraldo pelo magnífico trabalho feito e pela imensa lacuna que vem preencher,
trazendo dados inéditos sobre Porto Alegre e esclarecendo a toda a população
sobre o quanto é valiosa a nossa
ecologia, a nossa formação, a nossa história e a nossa geologia, e que será um
texto previamente consagrado. Consagrado no uso, não só de conhecimento geral
da população, mas certamente será um Atlas que será amplamente usado na
educação. E especialmente pela primorosa maneira como foi preconcebido, será o
vetor fundamental para a educação das crianças pelo seu aspecto multicolorido,
pelo multifacetado de suas propostas e, principalmente, pela a bordagem de
inúmeros temas, ou seja, da nossa riqueza hídrica, da nossa fauna e flora, da
beleza de Porto Alegre, como uma silhueta plástica inigualável. Na minha
opinião, esses aspectos de impressão visual foram muito bem explorados, são
fundamentais. E, mais do que isso, eles salientam e asseguram para as próximas
gerações um documento absolutamente inédito, mas também, um documento de imenso
valor, não só com poder de ensinamento, mas com um prazer muito grande que as pessoas têm ao manusear
estes dados e ao deliciarem-se com o Atlas, que sempre é uma imensa fonte de
conhecimento. E nós que somos vidrados em mapas, que são coisas que nos
localizam, é uma das coisas deslumbrantes, é um dos prazeres da vida aprender a
situação geográfica e pensar que, por trás desta situação geográfica, existe uma
geografia humana, onde se desenvolvem todos os dramas e toda a humanística que
existe em volta disso, isto é, do ser humano, do bicho homem. Do hominídeo que
nós somos, voltados para todas as suas mazelas e para todas as suas glórias.
A pergunta que eu faço é voltada à divulgação, à impressão, à Editora
e onde é possível e como se poderá
adquirir este Atlas.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está
com a palavra.
O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, Sr.
Secretário do Meio Ambiente Companheiro Hideraldo Caron; Professor Rualdo
Menegat, Editor do Atlas. Realmente eu tive a satisfação e o orgulho de estar
na Secretaria do Meio Ambiente quando foram iniciados os trabalhos de execução
do Atlas e firmado o Convênio com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Depois que saí da Secretaria, perdi o contato com a continuidade do trabalho.
Tanto o companheiro Langoni como o Companheiro Hideraldo têm feito inúmeros
esforços no sentido de viabilizar o Atlas, especialmente pela determinação e
tenacidade do Professor Rualdo Menegat a quem é, certamente, devida a maior
parte dos esforços pessoais e acadêmicos e sua capacidade de articulação. É
importante dizer que há uma centena de doutores, técnicos e especialistas de
várias escolas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul que estão
produzindo conhecimento inédito em Porto Alegre. Esse atlas não vai apenas
compilar aquilo que foi produzido ou que já tinha sido produzido mas foi um
instrumento que estimulou e propôs a construção de conhecimentos como, por
exemplo, uma carta sobre a ventilação de Porto Alegre, uma das únicas cidades
da América que tem uma carta de ventilação feita por um doutor, com doutorado
na Alemanha e este foi um dos seus trabalhos de doutorado. Vejam como é importante
um conhecimento como este do Atlas para o próprio Legislativo no seu trabalho
de construção da Cidade. Dados como esses são fundamentais para o Poder
Público, o Legislativo, enfim, para que todos aqueles que têm responsabilidade
de decidir coisas nesta Cidade possam decidir com muito mais propriedade e, com
isso, assegurar uma qualidade de vida adequada. O produto que vejo agora,
depois de muito tempo, está muito mais bonito do que poderíamos ter idealizado
e acho que devem ser dados os créditos adequados à Secretaria do Meio Ambiente,
à Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a esse esforço conjunto que,
inclusive, envolveu a COPESUL e outras instituições que já se comprometeram a
patrocinar a publicação desse material e, particularmente, ao Professor Rualdo
que faz essa ligação entre Universidade e Prefeitura, de uma forma determinada
e com um brilhantismo bastante característico, que está hoje documentado. Já,
em nossa Mesa, peço que nossa biblioteca tenha alguns exemplares à disposição.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a
palavra.
O SR. ADELI SELL: Caro Secretário Hideraldo Caron, meu amigo Prof.
Rualdo Menegat. Foi mencionado que as Escolas de Porto Alegre, tanto as do
Município quanto as do Estado, receberão o Atlas. Perguntaria se a Prefeitura e
os patrocinadores - já que a FAPERS está nesse projeto e a Universidade - não
teriam condições de que os principais centros de cultura, de pesquisa no nosso País pudessem receber exemplares
desse Atlas. Além disso, perguntaria se não é possível estabelecer uma cota
para os principais centros de informação turística do País, apesar de ser um
Atlas e uma parte substantiva tratar de uma Porto Alegre que a gente não viveu,
não viu e não podemos ver e o seu subsolo. Acredito que nos centros de
informações turísticas, nas escolas, nos institutos de pesquisas, se as pessoas
tiverem contato com esse atlas, poderemos trazer, sem dúvida nenhuma, uma série
de pessoas, estudiosos, interessados e, evidentemente, visitantes turistas para
a nossa Cidade. Se houvesse essa possibilidade e, se não foi pensado nesse
quilate, digamos assim, proporia que se fizesse um esforço mais gigantesco, meu
caro Rualdo, para que fizéssemos esse movimento, fazer esse tipo de publicação
chegar a esses locais. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está com
a palavra.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente,
gostaria de destacar de plano o valor e a significação desse trabalho. E, por
decorrência, saudar a Secretaria do Meio Ambiente e a Universidade , na pessoa
do Prof. Rualdo Menegat, e a SMAM, na
pessoa do seu Secretário Hideraldo Caron. Obras desse nível, desse porte,
importam sobremaneira para as escolas, para as universidades, para o campo
cultural, para o campo do ensino, mas, também, importam à população de um modo
geral. Ela também tratará acerca da história de Porto Alegre. A história de
Porto Alegre embora pareça plenamente clara e lúcida, para aqueles que buscam
informar-se a respeito do passado de Porto Alegre, ela não é, em vários
aspectos. O que demanda muitas vezes em uma pesquisa muito maior e, às vezes, exige decisões, como foi o caso
da data maior do Município, que acabou sendo decidida por lei. Lá pelas tantas
o Atlas trataria sobre os arraiais de Porto Alegre. Numa das proposições, há um
núcleo de Porto Alegre que teria sido o segundo de Porto Alegre e, na verdade,
não foi. O segundo foi o Partenon, o primeiro arraial foi o Menino Deus. Por
isso a minha preocupação: quem fez os estudos? Quem é o responsável pela
história de Porto Alegre? Porque, se pegarmos, por exemplo, a Lei nº 2022, que
criou a maior parte dos bairros de Porto Alegre, lei de 1959, por proposta do
então Vereador, Ari Veiga Sanhudo, ela está plena de atentados à História de
Porto Alegre. A lei primeira, que trata da criação de bairros, de 1957, que
criou o Bairro Medianeira - já essa decisão foi de certo modo, uma agressão ao
Bairro Glória - e, depois, os outros, pela Lei n° 2022, sofreram uma série de atentados,
como a criação surpreendente do bairro Cel. Aparício Borges que foi uma
excrescência colocada dentro de uma área que, se tivesse que receber uma
denominação histórica, teria que ser Chácara das Bananeiras. O Partenon nasceu
onde hoje se chama bairro Santo Antônio, o que é uma verdadeira calamidade
histórica. Então, por isso a minha preocupação: quem são os responsáveis pela
história de Porto Alegre, principalmente sobre os arraiais, que é alguma coisa
de muita importância?
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver.
Guilherme Barbosa.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Secretário Hideraldo
Caron, Sr. Rualdo Menegat, Professor e Secretário Substituto. Porto
Alegre, no aspecto ambiental, tem sido
sempre um destaque. Estruturou a primeira Secretaria Municipal de Meio Ambiente
e, tradicionalmente, a sua população em média é sempre mais ligada a esse tema.
Inclusive, quando aqui cheguei, em 1976, foi um dos aspectos que me chamou a
atenção em nossa Cidade e na sua população. Acho que de novo, Porto Alegre,
através da SMAM, está dando uma demonstração de avanço ao liderar esse
movimento. Assistindo de longe a apresentação do Atlas, me chamou a atenção a
qualidade do material, o conteúdo do volume e, sem dúvida, isso vai ter uma importância
muito grande em nossa Cidade. Quero registrar meus cumprimentos, confirmar a
informação de que ele será lançado em junho, na semana do Meio Ambiente.
Pergunto quantos volumes serão editados, se haverá custo para o Executivo
Municipal e qual a forma de acesso e distribuição do mesmo.
O SR. HIDERALDO CARON: Esclarecendo os
questionamentos feitos, é importante dizer que o convênio que foi realizado
entre o Município e a Universidade resultou num desembolso por parte do
Município, para propiciar as condições de infra-estrutura de pesquisa, em torno
de quarenta mil reais. Estimamos que a produção do Atlas, se fossem computadas
as horas de pesquisa, horas de trabalho de todos os profissionais envolvidos,
certamente ultrapassaria um milhão de reais. Portanto, tivemos um investimento
muito pequeno, mas de grande valia para dar condições aos pesquisadores para
que pudessem realizar o seu trabalho com uma possibilidade - conforme o número
de patrocinadores que teremos ao final desse processo -: de fazermos uma
tiragem do Atlas de três mil exemplares, que seriam divididos, evidentemente,
com alguma cota para os patrocinadores, seriam distribuídos em todas as escolas
do Município, bem como as do Estado e as particulares.
Estamos trabalhando com duas edições para serem colocadas à venda para
o público. Uma edição mais popular a um preço relativamente baixo, exatamente
para poder atender a demanda geral da população por esse tipo de material. E
uma edição mais luxuosa, com uma qualidade melhor para aqueles que, eventualmente,
demandem também esse tipo de material e tenham condições de pagar um pouco mais
para subsidiar a edição popular.
Portanto, em princípio, deverá estar disponível num número razoável para a
população de Porto Alegre. Eu acho que é possível estudarmos as sugestões
levantadas aqui e seria muito interessante se pudéssemos estender essa
distribuição para além do Município de Porto Alegre. Nós com certeza poderemos
distribuir o Atlas para universidades, institutos de pesquisas e, naturalmente,
para um público maior vinculado à área de turismo e outras; teríamos que
verificar em função da tiragem que vamos fazer.
É importante dizer que esse projeto do Atlas faz parte de um projeto
que também é fruto de um convênio com a Universidade e o Instituto Nacional de
Pesquisas, que é a implantação de um centro de referência em educação ambiental
nos antigos prédios da Engenharia, ali em frente à Praça Argentina. Nós
pretendemos, junto à Universidade, aos
patrocinadores e à FAPERGS reformar os prédios da Engenharia, juntamente com o
Observatório Astronômico. Transformar aquele conjunto de prédios num centro
dotado de tecnologia avançada e todos os materiais possíveis de serem
utilizados para que as nossas escolas do Município, da região Metropolitana e a
população em geral, tenha acesso a todos esse elementos que constituem a
história nacional da nossa Cidade.
É um projeto de grande potência que, sem dúvida nenhuma, vai permitir
que tenhamos em Porto Alegre, talvez um dos principais centros de ocupação
ambiental do nosso País. É importante dizer que o próprio Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais já se dispôs a locar em Porto Alegre, através desse
convênio, importantes instrumentos
tecnológicos que poderão dar suporte a esse processo de educação ambiental.
Nós todos estamos de parabéns porque, se formos avaliar o conjunto de
empresas, o conjunto de instituições que estão envolvidas na produção do Atlas
ambiental de Porto Alegre, nós vamos chegar a uma conclusão que não é
bairrista, mas, dificilmente, outra cidade do País reuniria instituições e
empresas privadas do porte das que estão envolvidas aqui para produzir um
material desses. Nós não imaginamos que isso possa acontecer no Rio de Janeiro
ou em São Paulo. Isso é muito da característica do povo gaúcho, do povo de
Porto Alegre, e é um resultado da expressiva herança cultural que nós temos.
Esse é, certamente, o elemento mais importante de tudo isso.
Sem dúvida nenhuma nós vamos poder deixar para a comunidade
porto-alegrense um instrumento fundamental para a sua gestão e o conhecimento
da cidade para as futuras gerações, o que, de fato, é, também, o compromisso de
todos nós que administramos, dos que já administraram e dos que ainda vão
administrar esta Cidade.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Nós queríamos mais uma vez
dizer ao Secretário, companheiro Hideraldo, e ao Subsecretário, companheiro
Rualdo, que seguramente pelas manifestações havidas aqui, o Atlas está sendo um
sucesso. Estamos aguardando o momento em que esse projeto esteja na mão da
população, das escolas, e assim por diante.
Agradecemos a presença do Secretário e do Sub-Secretário.
Vamos suspender a Sessão para as despedidas. Quero dizer antes que a
Presidência será assumida pelo Ver. Paulo Brum, uma vez que vamos, junto com o
2° Vice-Presidente Reginaldo Pujol e a Vera. Sônia Santos, em representação ao
Tribunal Regional Eleitoral para a posse de dois magistrados. Faremos a visita
e depois voltaremos para a Sessão. Não tenho claro se o Ver. Isaac Ainhorn irá
conosco. Entraremos após, no período de
Comunicações.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h53min.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum
- às 14h 56min): Estão reabertos os trabalhos.
O SR. JOÃO MOTTA
(Requerimento): Sr. Presidente, eu solicito a inversão da ordem dos trabalhos. Passaríamos
imediatamente para a Ordem do Dia, depois para Pauta e Comunicações.
O SR. PRESIDENTE: Em votação Requerimento do
Ver. João Motta que requer a inversão na ordem dos trabalhos. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
O Ver. João Dib está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, hoje pela manhã, eu avisava o Ver. Clovis Ilgenfritz, Presidente
desta Casa, que gostaria que ele
estivesse no Plenário porque eu falaria algumas coisas que precisam ser levadas
em conta nesta Casa. Eu sempre digo que Lei deve ser clara, concisa, precisa e
respeitada. O Presidente da Casa, no exercício de suas funções - e eu peço que
seja fornecido cópia do que eu estou dizendo aqui a ele - deve ser claro,
conciso, preciso e respeitado para que não aconteçam tumultos no Plenário.
Presidente, tenho dito muitas vezes, preside. Presidente não dá explicações,
impõe o respeito do seu título. Eu li, contristado, que faltei com decoro parlamentar. Tivesse o Presidente
conduzido devidamente os trabalhos na forma do Regimento, não teria acontecido
o tumulto que aconteceu. O Regimento é absolutamente claro e preciso. O artigo
94 diz que o assunto de extrema importância não previsto no Regimento pode ser
concedido ao Vereador até dez minutos para que exponha o seu problema, a sua
denúncia. Na Sessão da quarta-feira passada, o Ver. Pedro Ruas pediu e usou os
dez minutos. No entendimento deste Vereador - e dizia imediatamente após o
Presidente -, não teria mais que acrescentar minutos a ninguém, a não ser que
alguém fosse aditar a denúncia. E então tratei de dizer que não poderia ser
debatida a matéria, que deveria ser até convocada uma reunião extraordinária,
se fosse o caso, para que se debatesse a matéria. Mas a denúncia estava feita,
o tempo estava usado. Aí então, todos começaram a fazer Questão de Ordem. E é
por isso que digo que Presidente preside, o Presidente impõe a Lei e o
respeito, ou então não tem sentido fazer o que acontece aqui. E não faltei com
o decoro parlamentar e espero que fique claro isso. Todos falavam ao mesmo
tempo, quando o Ver. Lauro Hagemann, para surpresa minha, propunha algo em
relação ao tempo, e eu dizia “não cabe mais”, e o Ver. Lauro Hagemann resolveu
levantar a voz. É inédito ver o Ver. Lauro Hagemann gritando. E disse a ele que
voz mais alta do que a minha, não. Se era para gritar eu gritaria mais alto e
bati na mesa. Tão somente isso fez com que o Presidente suspendesse os
trabalhos por falta de decoro parlamentar do Ver. João Dib. Não, eu não faltei
com decoro parlamentar. Se alguma coisa aconteceu, primeiro foi o Ver. Lauro
Hagemann que, surpreendentemente, levantou a voz e, quando também levantei,
olhamos um para o outro e até começamos a rir. Não é o nosso hábito. Não
brigamos tanto assim. Mas isso não é falta de decoro parlamentar, que caprichosamente um dos integrantes do
Gabinete de Imprensa tratou de levar ao conhecimento do público. Quer dizer, o
Ver. João Dib trabalha, nada acontece, as coisas acontecem aqui, aos montes, e nada acontece. Quando o Ver. João
Dib levanta a voz e bate na mesa, aí é falta de decoro parlamentar, pronunciado
pelo Presidente. Antes de vir à tribuna, eu falei com o Gabinete de Imprensa
que me mostrou, inclusive, cópias dos Anais da Casa. Eu não tenho nenhuma
preocupação, eu espero que o Presidente presida, que o Presidente seja claro,
preciso, conciso e respeitado, porque eu não serei desrespeitado em razão de o
Presidente não ter a força necessária para impor a sua autoridade. Aí está o
Regimento, faça-o valer. Não faça concessões, mas não diga que o Ver. João Dib
teve falta de decoro parlamentar e por
essa razão suspendeu a Sessão por alguns minutos. Exerça a sua autoridade, e
isso não vai acontecer. Aviso a todos, voz mais alta do que a minha eu não
conheço, porque eu falo a verdade e, se alguém gritar comigo, eu retribuo; se alguém quiser qualquer outro tipo de
discurso, eu também aceito; eu não tenho preocupação com nada, nem com ninguém.
Agora eu exijo respeito, porque eu respeito todos. Pelo amor de Deus, não me
desrespeitem, não me confundam com fraco, porque de fraco eu não tenho nada.
Saúde e paz. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à
ORDEM DO DIA
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 0408/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
004/97, que
declara de utilidade pública o Lar Santa Flora.
Pareceres
- da CCJ. Relator Ver.
Juarez Pinheiro: pela aprovação do Projeto;
- da CUTHAB. Relator Ver.
Lauro Hagemann: pela aprovação do Projeto.
Observações:
- adiada a discussão por duas Sessões.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº
004/97. Encerrada a discussão. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Requerimento nº 96/97 de autoria da Vera. Tereza Franco, pedindo
autorização para representar esta Câmara Municipal nos eventos alusivos ao Dia
Internacional da Mulher, na cidade de Cruz Alta, no dia 30/04/97.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Requerimento n° 95/97, de autoria do Ver. João Motta, solicitando que
seja encaminhada ao Plenário desta Casa a proposta de Emenda à Constituição
Estadual do Rio Grande do Sul, de acordo com o que dispõe o art. 58, inciso 3°
de nossa Constituição Estadual.
O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Vou encaminhar contrariamente. A Constituição inglesa tem mil anos,
ou mais, e não foi escrita. A Constituição americana tem mais de 200 anos e tem
oito artigos e algumas emendas constitucionais que realmente têm valor. O que
desvaloriza a lei boa, é a lei inócua.
Não vejo razão de uma Constituição que deve traçar as normas gerais
para que se faça a administração de um país, de um estado ou de um município
desça a detalhes. Nada contra o mérito, nenhuma preocupação com o que pretendem
alguns vereadores com a fusão, ou confusão da Caixa Econômica e BANRISUL. Mas,
pelo amor de Deus, tratar desse problema na Constituição do Estado faz com que
tenhamos uma Lei Orgânica no Município de Porto Alegre que não diz uma palavra
sobre a família. Mas diz tanta coisa essa tal de Lei Orgânica, que depois
ninguém respeita. Por exemplo, é
absolutamente claro na Lei Orgânica que não se pode tocar em áreas
verdes ou praças. Para não ter dúvida diz duas vezes, em dois artigos
diferentes. E esta Casa tranqüilamente não desfez a Lei Orgânica, mas fez uma
Lei Complementar e diz que pode trocar a praça para dar lá na Cosme Galvão. Por
isso que a Lei Orgânica, Constituição Estadual não vale nada. Não vale nada
mesmo, porque cada um chega e faz o que quer, acrescenta mais um pedaço, retira
outro e, ao sabor dos interesses do momento, as leis maiores do País se
modificam, são acrescidas, são diminuídas. Ora, eu acho que há competência
entre os deputados estaduais, que há competência ou pelo menos deveria haver,
entre os assessores e toda a máquina administrativa da Assembléia para
encontrar uma solução. Mas, pelo amor de Deus, não façam mais um remendo na
Constituição do Estado. Não façam mais remendas que não sejam aquelas que
realmente exijam até uma mudança, porque houve um erro. Mas para acrescer mais
alguma coisa na Lei Orgânica, para acrescer mais alguma coisa fortuita, uma
fotografia marcada, deveria haver normas gerais, um regramento.
Hoje pela manhã eu dizia: sempre tem uma maneira de impedir, ou
dificultar, ou obstruir a tramitação. Primeiro, se deixa fazer a Lei e depois
se faz o carnaval, faz a celeuma toda, porque não é para construir. Realmente
não há o desejo de construir. Eu disse da tribuna, quando da Moção de
Solidariedade ao Dep. Flávio Koutzii, que ele poderia ter usado todos os
recursos que a Lei lhe permite, quando da votação do Projeto de Lei . Aí, não
usou. Fui lembrado pelo nobre Ver. Juarez Pinheiro que demora para fazer uma
ação. Eu lembrei que esta Casa discutiu o horário de funcionamento do comércio,
enquanto eu estava na Justiça tentando uma liminar para impedir que a Lei fosse
votada. A Justiça é ágil, é séria, é honrada, é honesta. Não me deram a
liminar, mas eu saí tranqüilo, eu não tinha razão. Eu tinha convicção de que eu
não tinha razão. Eu acho que quem quer lutar pela fusão ou pela confusão, ou
não fusão, isso não faz diferença para mim, mas não mude a Lei Orgânica, não
mude a Constituição, porque a Constituição é algo que deveria ser olhado com
carinho extremo. Está ali a verdade, ali está como caminhar, como devo fazer as
coisas. Eu não posso mudar todos os dias, porque não me agradam os caminhos, as
regras e as normas ali traçadas.
Eu espero que a proposição não seja aprovada. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Ruas está com a
palavra para encaminhar.
O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, obviamente que em qualquer circunstância, em qualquer projeto ou
debate, se respeita toda e qualquer idéia contrária, é a essência da democracia
e é a ela que devemos nos ater.
Por isso, respeito as posições contrárias a essa idéia do Ver. João
Motta e que agora é votada através de Requerimento. E tenho respeito muito
grande pelas idéias do Ver. João Dib. Mas não é só com S. Exa. que vou
polemizar e, sim, colocar a posição do PDT neste encaminhamento.
Nós, trabalhistas, temos orgulho de, no Governo Leonel Brizola, neste
Estado, termos criado a Caixa Econômica Estadual. Faz-me um sinal o Ver. Elói
Guimarães, ilustre Vereador do PDT, de que para nós a questão das
privatizações, como um todo, é muito séria e muito degradante pela forma como é
encaminhada pelo Governo Federal e pelo Governo Estadual. O caso específico da
Caixa, entretanto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, para nós, é um acinte. A
história do Rio Grande, a história do gaúcho e a história do PDT. A proposição
que traz o Ver. João Motta desde logo recebeu de todos nós o maior apoio e
merecidos aplausos, porque na verdade nós temos que ter a idéia de que
representamos efetivamente a população de Porto Alegre; que tem problemas
sérios, problemas de buracos nas ruas, bicos de luz, ruas mal asfaltadas, enfim
problemas de toda a ordem. Mas somos também representantes dessa população de
Porto Alegre, enquanto capital do Rio Grande. Há situações, há problemas, em
que a competência legal do Vereador tem que ser exercida no seu limite, ao
máximo. Temos esse tipo de responsabilidade, que eu sei, é muito criticada
nesta Casa, como é em muitas outras Câmaras de Vereadores. Mas é obrigação do
Vereador também tratar de assuntos como esse, Ver. João Motta. Não é um
direito, nem uma prerrogativa, mas é uma obrigação, porque somos
rio-grandenses, somos brasileiros e representamos a população da Capital do Rio
Grande.
É neste sentido que uma proposta como essa, dentro da Lei, precisa ter
a nossa aprovação; precisa ser mostrada à Assembléia Legislativa e ao conjunto
da população do Rio Grande, em especial ao seu Governo que, obviamente, merece
o nosso respeito, até porque foi eleito - e qualquer governo eleito merece
respeito -, que não temos concordância
nesse aspecto. Que temos uma profunda divergência com a forma pelo qual o
Governo do Estado está encaminhando liquidações, extinções, privatizações de
órgãos públicos. Isso não é nenhuma forma de desrespeito ao governante eleito.
Ao contrário, isso também é a essência da democracia. Sabemos a posição da
população de Porto Alegre, porque vamos ouvi-la. Obviamente, alguns Vereadores
podem, no conjunto dessas opiniões, terem determinadas conclusões e outros,
outras conclusões. Eu, pessoalmente - e tenho certeza de que a Bancada inteira
do PDT - tenho a conclusão de que as
privatizações e esse projeto encaminhado à Assembléia Legislativa que
transforma a Caixa Econômica Estadual em sociedade de capital aberto, Sociedade
Anônima - preparando o terreno da privatização como falou o Ver. João Motta - é
profundamente infeliz, com todo o respeito quer merecem os autores dessa idéia.
É um Projeto que retira da população mais carente, que é a maioria, a única
possibilidade de acesso ao sistema financeiro. O resto é conversa fiada. Banco
privado não trabalha com pobre. Isso é da essência, da história do banco
privado, desde o séc. XIV, quando esses bancos começaram a existir. Não
trabalha com pobre. Quem trabalha com pobre são as entidades como a Caixa
Econômica Estadual, até porque têm essa obrigação. Ou nós mostramos qual é a
posição da população de Porto Alegre, da qual somos legítimos representantes,
ou vamos ficar omissos, esperando que, assim como vai terminar a Caixa
Econômica Estadual, o resto todo da possibilidade de acesso da população pobre
aos mecanismos de cidadanias seja também extinto. Encaminhamos favoravelmente à
proposta. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver.
João Motta para encaminhar como autor.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, creio que é do conhecimento de todos, pois a agenda que está sendo
discutida nesta proposição é a agenda que está, nesta semana, sendo amplamente
debatida no Rio Grande do Sul: a reforma do Estado. É evidente que entre os
próprios partidos de oposição ao Governo do Estado, há um consenso de que esta
agenda é necessária, ou seja, a reforma do Estado. Agora, não podemos concordar
com os termos e o conteúdo dela, Ver. Sebenelo. Por exemplo, de todos os
estados brasileiros, o único que ainda tem uma Caixa Econômica Estadual é o Rio
Grande do Sul. E é uma instituição que, segundo dados do próprio Governo do
Estado, conforme audiência pública ocorrida ontem na Assembléia - eu lá estava
e ouvi de viva voz do Secretário da Fazenda Cézar Busatto - , é uma instituição
que dá lucro. Então, se a reforma do Estado do Rio Grande do Sul passa por
extinguir instituições financeiras que estão funcionando viavelmente, eu não
entendo porque discutir reforma do Estado se a instituição financeira, além de
ser viável economicamente, cumpre historicamente uma função social que nenhuma
outra instituição cumpre, que é preservar a economia privada pequena. Ou seja,
o pequeno correntista e o pequeno poupador têm acesso a que instituição
financeira? À Caixa Econômica Estadual. Então tudo bem que a reforma do Estado
trilhe o caminho do Rio de Janeiro com a privatização do BANERJ. O Governo lá,
pelo menos, está sendo mais autêntico. Que essa também seja a via de São Paulo,
o BANESPA, que passa por uma fase intermediária de finalizar para, depois,
privatizar. Agora, aqui no Rio Grande do Sul as coisas estão viradas para o ar,
Ver. Elói Guimarães, porque aqui o Governo começa a implantar o seu processo de
reforma extinguindo a única instituição que cumpre toda essa função. Então, não
dá para aceitar! E é por isso, Ver. João Dib, que, às vezes, V.Exa. tem que
deixar de olhar a política com o olhar de engenheiro, porque torna a política
um objeto quadrado, e a política - estou fazendo a crítica dirigida ao Ver.
João Dib, e faço essa crítica fraternalmente que é engenheiro e não advogado,
estou aqui reconhecendo na figura do Ver. João Dib, a virtude desse engenheiro
-, V.Exa., às vezes, vê a política de
modo quadrado. Ver. João Dib, qual é a expectativa que nós gostaríamos de ter
com relação à sua fala neste momento? A de tecer um comentário genérico sobre a
legalidade: gostaríamos de ter, na sua fala, um papel ativo no sentido de
convencer a Bancada do seu Partido, na Assembléia, que está em dúvida de como
votar frente à extinção da Caixa. Isso sim, nós gostaríamos de ouvir de V.Exa.
uma posição diante desta realidade. Porque o Estado do Rio Grande do Sul está
prestes a dar mais um passo no sentido
de tirar do mapa uma instituição que há 36 anos cumpre uma função social. Na
Europa, vários países preservam esse tipo de instituição. Essa é a atitude que
gostaríamos de obter de V.Exa. E a sua Bancada, pelo que se sabe, “está
analisando de forma muito responsável o Projeto”, palavras do Líder do seu
Partido na Assembléia, Dep. Vilson Covatti, ontem, em audiência pública. Disse
que nos termos em que foi enviado, Ver. Pedro Ruas, o Projeto do Governo do
Estado, a Bancada do PPB não aprova. Ela quer discutir mais, ela quer ser
convencida em alguns aspectos. Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, apenas
para deixar o Plenário tranqüilo, isso aqui não se trata de um “tiro na lua”,
Ver. José Valdir. Ontem foi aprovada por unanimidade proposição semelhante na
Câmara Municipal de Cachoeirinha; ontem também foi votada na Câmara Municipal
de Santa Maria, também na Câmara de Gravataí; espero que, pelo menos, mais
noventa câmaras municipais do interior do Estado dêem uma demonstração de que
querem o debate. Querem debater sim o ônus das reformas que o Governo do Estado
está propondo para o Rio Grande. Porque essas reformas podem trazer
conseqüências graves para o Estado. Como, aliás, estamos tomando conhecimento,
Ver. Pedro Ruas - hoje ouvimos atentamente a fala dos dois deputados que,
convidados, vieram aqui, o Dep. Flávio Koutzii e o Dep. Vieira da Cunha - das
conseqüências para o Rio Grande do Sul do caso GM, que ainda não está
encerrado.
Queremos a mesma seriedade e a mesma inflexão sobre esse assunto. Por
isso a nossa Bancada está favorável e, espero, a maioria das câmaras municipais
do Estado, para que possamos encaminhar uma emenda constitucional proibindo a
extinção, a incorporação, a fusão da Caixa Econômica Estadual, na Assembléia
Legislativa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registro a presença dos
alunos da pré-escola Pequeno Gênio do Bairro Partenon, acompanhados das
Professoras Adriane e Rosane. Recebam desta Casa o nosso carinho e o nosso
abraço. (Palmas.)
O SR. JOÃO DIB (Questão de
Ordem):
Como vai ser votada uma matéria agora, e eu não tenho meios de buscar a solução
que preciso, talvez a Mesa me informe; a alteração constitucional exige quantos
votos?
O SR. PRESIDENTE: Foi feita a mesma pergunta
pelo Ver. Luiz Braz. A Diretora Legislativa já encaminhou à Auditoria, que está
pesquisando. Creio que até o final dos pronunciamentos teremos uma resposta
para fornecer ao Plenário.
O Ver. Carlos Garcia está com a palavra para encaminhar.
O SR. CARLOS GARCIA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. O PSB gostaria de saudar o Ver. João Motta pela iniciativa.
Entendemos que as câmaras municipais são um fórum de discussão. Como é legal,
nada melhor do que a maioria, 90% das Câmaras decidirem relativamente a essa
alteração da Constituição Estadual; que se faça e que seja realmente debatida
essa reforma. Nós, do PSB, somos contra o sistema de privatização do atual
governo. Hoje pela manhã ficou mais uma vez provado que os 35% da venda da CRT
foram parar na GM. Não temos dúvida. Temos que discutir isso. (Lê.)
“Preliminarmente, nos cabe ressaltar que a Caixa e o BANRISUL não
competem de maneira predatória, como afirma o Governo Estadual, no intuito de
passar essa idéia ao povo rio-grandense. Tal argüição mostra-se contraditória,
tendo em vista que ambas instituições possuem características próprias, sendo,
inclusive, em diversas ocasiões, parceiras, na medida em que, aproveitando-se
de suas diferenças, trocam ativos para cumprimento de suas exigibilidades
compulsórias, o que representa uma vantagem competitiva.
Temos que considerar, ainda a vocação inerente a cada instituição: a
Caixa possui maior tradição e familiaridade com a Pessoa Física, enquanto que o
BANRISUL, a tem com a Pessoa Jurídica.
Tratando mais especificamente da Caixa Estadual, é importante salientar
que atingiu, em 1996, a importante e significativa cifra de um bilhão de reais
em depósitos e muito disto se dá a sua responsável administração, que está
buscando adaptar-se a este cenário de economia estável implantado no País a
partir do Plano Real.”
Como disse o nobre Ver. João Motta, a Caixa Econômica Estadual não é
deficitária, pelo contrário, ele é superavitária.
“A reestruturação da rede de agências, redução do número de
funcionários, corte de despesas, investimentos em informática, especialização
de recursos humanos, expansão da carteira de crédito, são algumas das medidas
adotadas com o objetivo de adequar-se ao novo modelo.
Temos que pensar, também, no segmento de mercado em que a Caixa
Estadual atua, que é emergente e composto por uma parcela significativa da
população, considerada de baixa renda; aqueles que recebem até dois salários
mínimos, e que significam, aproximadamente, 80% da população do País. Com que
bancos irão trabalhar esses indivíduos? Estas pessoas são justamente a camada
que maior acesso a bens de consumo
obteve após a estabilização da economia.
Concluímos, acreditando que o Governo do Estado irá repensar este
projeto de unificação da Caixa com o BANRISUL, caso contrário abrirá mão de
espaços mercadológicos de difícil recuperação, que trarão prejuízos financeiro
e social ao Estado do Rio Grande do Sul, em nome de uma suposta racionalização
ou enxugamento do Estado.”
Por isso, o Partido Socialista Brasileiro encaminha favoravelmente à
proposta. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a
palavra para encaminhar pelo PTB.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Eu acredito que, hoje, mesmo com a orientação da Auditoria,
poderíamos estar vivendo, na votação dessa proposta, um impasse grandioso,
porque nós não convivemos aqui com a tal de maioria relativa. Sempre votamos as
matérias de acordo com a maioria simples, a maioria absoluta e com a maioria
qualificada; são as maiorias que utilizamos nesta Casa. O texto da Constituição
do Estado fala em maioria relativa dos seus membros. Ora, os membros que compõem
a Câmara Municipal são 33 Vereadores; se nós temos a maioria absoluta dos seus
membros, acredito que seja em torno da tal maioria absoluta, porque só poderia
entender a maioria de 33 como, na
verdade, 17 Vereadores. A primeira orientação que eu havia recebido é de que
essa maioria relativa era uma maioria simples, mas aí eu leio o texto e vejo
que não é bem assim, que a maioria relativa é dos membros da Câmara Municipal e
os membros da Câmara Municipal, como são 33, acredito que se assemelha muito mais
a nossa chamada maioria absoluta. Essa é uma questão técnica que devemos vencer
antes de votarmos essa proposta.
A segunda análise que faço é que a maioria dos partidos e parlamentares
que fazem discurso pela não fusão ou pela não extinção, o fazem, na verdade,
levando em consideração os funcionários, e quando isso acontece, eu me associo
a esse discurso, porque eu também não quero que nada de mal possa acontecer com
os funcionários. Sou contrário, por exemplo, ao projeto da EPATUR, que está
aqui na Casa, querendo exonerar funcionários. Penso que o PT aqui tem um
discurso que não se importa com os funcionários da EPATUR. Esses nada valem.
Esses podem ser mandados embora; e faz outro discurso com relação ao Governo do
Estado. Lá no Governo do Estado eles se preocupam, mas a nossa preocupação é
tanto aqui quanto lá, também. Lá estamos preocupados com os funcionários. Não
conheço bem o teor do projeto que tramita lá na Assembléia Legislativa, mas
pelo que ouvi, os funcionários da Caixa Econômica Estadual estariam garantidos
através desse projeto e não iriam sofrer dispensas. Mas os funcionários aqui da
EPATUR poderão sofrer com a votação do Projeto que tramita aqui na Casa.
Estamos associados ao discurso que dá proteção aos funcionários, mas
resolvemos nos dissociar desse discurso, nos afastar desse discurso quando ele
começa a trilhar uma linha mais demagógica, porque eu quero saber o seguinte:
qual o grande benefício que ele traz para a população, à sociedade em geral?
Essa sociedade estará melhor com o Projeto que será votado na Assembléia
Legislativa, ou é melhor o modelo existente? Acho que essa deva ser a
discussão, ela não pode ser simplificada simplesmente pela questão da
estabilidade dos funcionários. E esta, eu defendo. Ele tem que ser mais profunda.
Quais são os benefícios que a proposta a ser votada vai trazer à sociedade? E
quais são os atuais benefícios que a atual estrutura da Caixa Econômica
Estadual traz? Por exemplo, desde que estou na Câmara Municipal, fui
correntista da Caixa Econômica Estadual. Há pouco tempo deixei de sê-lo, mas
paguei na Caixa Econômica Estadual, juros exatamente iguais aos que paguei na
rede bancária normal. Então, a pergunta que deve ser respondida e a questão que
deve ser discutida é exatamente esta: quais são os benefícios que o Projeto que
está em votação na Assembléia vai trazer para a sociedade? E quais são os
benefícios que a atual estrutura da Caixa Econômica Estadual traz? Creio que
esta tem que ser a discussão. E me curvarei se alguém me convencer ao
contrário. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está
com a palavra para encaminhar.
O SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, há assuntos em que, via de regra, se busca muito mais o argumento
legal, mesmo que a dúvida tenha sido levantada não esteja respondida. Mesmo que
seja por maioria absoluta - três quintos -, maioria simples ou seja lá o que
for, este Plenário está chamado, por um Requerimento do Ver. João Motta, a
votar e a se posicionar sobre o teto. As pessoas vão votar a favor, contra, vão
se ausentar do Plenário ou se abster. E aí vamos ver: se for preciso maioria
absoluta ou simples, nós alcançamos isso. Portanto, nesse momento, Ver. Luiz
Braz - nós temos que presidir sempre os nossos atos pela férrea disciplina ao
Regimento e à Lei Orgânica -, ainda não está em discussão essa questão, porque
a Auditoria da Casa já está discutindo o teto.
Agora, cabe o encaminhamento quanto ao mérito da questão, quanto ao que
nós, Vereadores da Cidade de Porto Alegre, pensamos em relação à proposta da
extinção da Caixa Econômica Estadual, que não é um ato isolado, que não é um
projeto que veio de forma abrupta; é parte integrante de um projeto do Governo,
que já enfileirou a CRT quando abriu seu capital, leiloando 30% desse capital
para uma grande empresa multinacional associada. Quando nós da oposição, à
época da entrega do patrimônio, dizíamos que aquilo era o preâmbulo da
privatização do sistema e que a população iria pagar caro porque as tarifas
iriam sofrer um aumento vertiginoso, nos diziam que não, que isso era “chover
no molhado” ou “tempestade em copo d’água”. O que nós vimos, Ver. Luiz Braz,
foi que de fato 30 dias depois, o Ministério das Comunicações decretou um
tarifaço, quase duplicando a tarifa pública de telecomunicações, e o argumento
usado era de que estava preparando as empresas para entregar à iniciativa
privada, ou seja, a mesma situação acontece agora com a Caixa Econômica
Estadual.
Os argumentos são contraditórios. O primeiro argumento é de que o
BANRISUL e a Caixa concorrem um com o outro, logo um deve ser fechado. No
entanto, ontem em audiência pública, várias manifestações do Governo disseram
que não: “Vamos manter as agências.” Então o que nós temos é uma situação muito
semelhante à da CRT. O governo e os arautos da entrega do patrimônio público
dizem qualquer coisa antes de votarem seus projetos. Depois, vimos a dura
realidade de que, realmente, por trás de todos pronunciamentos, restou apenas
uma vontade: a de entregar o patrimônio público para a iniciativa privada e
fazer uma política para os grandes, esquecendo os trabalhadores e a grande
massa de correntistas da Caixa, que só tem ela para se relacionar com o mercado
financeiro, como muito bem disse o Ver. Pedro Ruas. A posição do Ver. João Motta,
de nossa Bancada do Partido dos Trabalhadores, é muito inteligente, é uma
proposição dentro do Regimento e da Lei Orgânica.
Gostaria de dizer ao Ver. Luiz Braz, que citou ser correntista da Caixa
- eu também sou há vinte anos, correntista da Caixa - que, enquanto ele foi
correntista, teve na Câmara Municipal, um tratamento diferenciado, não por ser
Vereador, mas por ser correntista de uma Caixa atendida por funcionários da
mais alta qualificação e que sempre atenderam cada um dos correntistas, assim
como atendem todos os correntistas do Rio Grande do Sul, de forma adequada. O
Senhor, nobre Vereador, certamente, no BRADESCO, no City Bank e em outros
bancos, dificilmente terá o tratamento carinhoso, personalizado que teve, aqui,
na Caixa Econômica Estadual. E desse tratamento carinhoso e personalizado não
podemos privar milhares de correntistas da Caixa. Por isso, somos contra esse
Projeto e vamos aprovar o Requerimento do Ver. João Motta. Vamos começar uma
peregrinação e uma mobilização de Vereadores em todo o Estado para que
consigamos um quinto dos votos necessários para fazer essa Emenda à
Constituição. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Queremos registrar e saudar
a presença do Sr. Luis Bastian Carvalho, ex-Presidente da Caixa Econômica
estadual que está presente nas galerias. (Palmas.)
Respondendo à Questão de Ordem do Ver. João Dib e também à consulta
feita pelo Ver. Luiz Braz, informamos que maioria relativa é considerada como
maioria simples. É o que temos aqui numa publicação do Senado da república.
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de
Ordem): Sr.
Presidente, não estou duvidando do que está escrito no livro vermelho que
V.Exa. tem em mãos; o que estou dizendo é que a Constituição diz que é “maioria relativa dos seus membros”, e os
membros que compõem a Câmara Municipal são 33. Quando falo em “maioria relativa
dos seus membros” só posso estar falando em maioria absoluta. Se fosse,
simplesmente, maioria relativa na Câmara Municipal, seria outra coisa, mas é
“maioria relativa de seus membros”. Esse é o texto constitucional.
O SR. PRESIDENTE: Vou ler aqui, Vereador, e aí
teremos uma definição mais qualificada: (Lê.)
“Por maioria absoluta entende-se a votação de mais da metade, mas não
metade mais um. Melhor dizendo: a maioria absoluta compõe-se a partir do
primeiro número inteiro acima da metade. Se metade é sete e meio, por exemplo,
o primeiro número acima dela é oito - maioria absoluta. Maioria relativa é a
maior votação abaixo da metade dos votantes, sem arredondamento. Se, sobre determinada
matéria, se formam três correntes, votando ao todo quinze membros, e uma
corrente obtém seis votos, a outra cinco e a outra quatro, a primeira vence por
maioria relativa. Muitos a denominam de maioria simples”. Essa é a denominação,
segundo o livro editado pelo Senado.
O SR. JOÃO DIB (Questão de
Ordem): Sr.
Presidente, eu havia solicitado a V.Exa. para que pudesse estar melhor
esclarecido, o que seria necessário para a alteração da Constituição do Estado.
Então, digo: a proposta será discutida
e votada em dois turnos, considerada aprovada quando tiver em ambos o voto
favorável de 3/5 da Assembléia Legislativa, quer dizer, precisa de 33 votos,
duas Sessões e, portanto, está fora de qualquer propósito alterar a
Constituição até a data da alteração. Volto a dizer que não falei em mérito, só
queria dizer que é uma medida demagógica.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, por uma questão de
orientação ao Plenário, nós estamos votando neste momento um Requerimento, não
é Emenda. Mas, não temos nenhuma dúvida de que maioria relativa é maioria
simples.
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de
Ordem): Sr.
Presidente, eu não tenho dúvida de que o termo “maioria relativa” poderia estar
significando a maioria simples, só que o termo utilizado pela Constituição do
Estado é “maioria relativa dos seus membros”. Quando eu digo “seus membros”, os
membros da Câmara são 33, e quando eu vou falar em maioria de 33, tenho que
falar, na verdade, em 17 ou, de acordo com a lógica que V.Exa. disse, até em
16. Então esse termo que foi utilizado pela Constituição é que complica, porque
se fosse só “maioria relativa” estaria tudo bem, mas é a “maioria relativa dos
seus membros” e a Câmara é composta de 33 membros.
O SR. PRESIDENTE: Vamos considerar como
maioria simples, depois o assunto será encaminhado à Comissão de Constituição e
Justiça para que determine isso. Em votação nominal o Requerimento do Ver. João
Motta n° 95/97. (Após a chamada.) APROVADO
por 16 votos SIM, 7 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO.
Requerimento n° 86/97 de autoria do Ver. Cyro Martini para inserção em
ata de Voto de Congratulações à Companhia Jornalística Caldas Júnior, por
editorial publicado na página de opinião do Correio do Povo no dia 11 deste
mês, que tem por título: Pagamento e Transparência. O Editorial trata do
contrato entre o Governo do Estado e General Motors.
O SR. JOÃO DIB (Questão de
Ordem): Não
foi alterado o Regimento proibindo Voto de Congratulações em Plenário. O que
ele quer é inserção em ata, não cabe requerimento, é só ir à tribuna. Esta
figura de inserção em ata é figura nova.
O SR. JUAREZ PINHEIRO
(Questão de Ordem): Quero colaborar com os trabalhos, dizendo ao Ver. Cyro Martini que já
fiz a transcrição num pronunciamento referente a este editorial do “Correio do
Povo”. Pedi que fosse transcrito dois terços do editorial, não na
integralidade.
O SR. PRESIDENTE: Conforme art. 94 do
Regimento, letra f: “ Inserção em Ata de voto de louvor, júbilo ou
congratulações por ato ou acontecimento de alta significação.”
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO
(Esclarecimento): Eu não entendi se nesta Casa, pelo Regimento atual, permanece o Voto de
Congratulações no Plenário? Sim ou não? Não. E o que vamos votar? Pelo que o
Senhor acabou de ler é o Voto de Congratulações.
O SR. PRESIDENTE: Vereadora, eu estou lendo o
que está no Regimento. Não estou inventando, Vereadora.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Eu não estou dizendo que o
Senhor está inventando, talvez outros inventassem, mas o Senhor eu jamais
imaginaria. Eu tenho uma dúvida e, enquanto Vereadora desta Casa, eu tenho
direito de pedir esclarecimento da Mesa. Eu gostaria que o Senhor relesse a
Ementa do Processo que está na sua frente.
O SR. PRESIDENTE: Requer inserção em ata de
Voto de Congratulações à Cia. Jornalística Caldas Júnior, por causa de
editorial “Pagamento e Transparência” publicado no Correio do Povo de 11 de
abril de 97.
O SR. NEREU D’ÀVILA (Questão
de Ordem): O
art. 94, inciso III, letra “m”, foi
suprimido pela Resolução 1283 de agosto de 95, que era voto de congratulações,
ou seja, ele não existe mais. Inclusive o parágrafo 7°, desse mesmo artigo, foi
suprimido, que falava: “Não caberá voto de congratulações relativos à
natalidade de pessoas”. O que restou, realmente, foi essa letra “f” do mesmo
artigo 94, que é a inserção em ata de voto de louvor, júbilo ou congratulações
por ato ou acontecimento de alta significação. Salvo melhor juízo, eu acho que
está mal-encaminhado o Requerimento porque não houve nenhum ato e nenhum
acontecimento de alta significação, senão um artigo de jornal, que pode ser
inserido nos Anais, sim, mas não congratulações nos termos desta letra do
artigo 94.
O SR. PRESIDENTE: Exatamente, quero colocar
que quando foi apresentado esse
Requerimento, inicialmente, eu fui contra, por isso exatamente pela sua
colocação, o que posso fazer é retirar de votação para um melhor
esclarecimento.
O SR. CYRO MARTINI (Questão
de Ordem): Sr.
Presidente, o Regimento é absolutamente claro a respeito da matéria. Se quem
propôs alterar de modo a que os votos de congratulações não ocorressem por
causa da freqüência deles no passado - que era extraordinária -, houve um
esquecimento com relação a isso aí. Não tenho absolutamente nada com relação a
esse esquecimento, mas essa inserção nos Anais é perfeitamente cabível, porque
essa letra não foi revogada, ela permanece como letra viva no disposto
regimental. Afora isso, acontecimento “lato sensu” é abrangente, acontecimento
não é apenas um fato que decorre no curso do tempo de uma situação qualquer,
apenas é um fato que ocorre.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, só para lhe
colocar que eu estou remetendo esse Requerimento à Comissão de Constituição e
Justiça para que possamos ouvi-la. Vai ser retirado momentaneamente. Poderá
voltar para votação na próxima Sessão.
Requerimento n° 90/97 de autoria do Ver. Cyro Martini, solicitando
Moção de Solidariedade ao Movimento da UGEIRM - Sindicato, que reclama do
Governo do Estado o cumprimento da Lei Estadual n° 10395, de 01.06.95,
relativamente a vencimentos e soldos.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO
(Esclarecimento): Sr. Presidente, garantindo a transparência de procedimentos desta Casa,
aliás como tem sido a trajetória no passado, e espero que siga no presente, eu
acho que para votar uma Lei, temos que conhecê-la. Eu gostaria de saber se,
dentro desse Processo, tem uma cópia da Lei para que nós de posse do Processo
possamos votar com clareza.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão
de Ordem): Sr.
Presidente, data vênia do entendimento sustentado pela Vera. Clênia Maranhão, o
princípio das leis é o da ampla publicidade, a partir do momento em que ela
acha-se publicada no Diário Oficial. Ninguém pode se escusar do conhecimento da
Lei; notadamente o legislador e todos os que estão aqui exercendo o mandato
parlamentar.
Mas eu entendo que, neste momento,
não haveria oposição nenhuma no sentido de que se subsidiasse a Vera. Clênia Maranhão que talvez não conhecesse
a Lei.
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de
Ordem): Sr.
Presidente, quem conhece a tramitação dos processos aqui nesta Casa e quem
conhece, também, a formação dos processos - como conhece o Ver. Isaac Ainhorn
-, tem conhecimento de que, quando uma lei é citada em qualquer texto de um
projeto que vai ser votado aqui, a lei é apresentada no processo para
conhecimento amplo, porque é assim e deve ser assim. Tanto é que, todas as
vezes que este Legislativo foi votar um projeto de lei sem que houvesse o
amparo das leis citadas por aquele texto do projeto, nós sempre reclamamos e
até nos negamos a votar um processo desse tipo.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO
(Questão de Ordem): Sr. Presidente,
eu quero discordar da fala do Ver. Luiz Braz, porque não me parece que o
Regimento desta Casa tenha qualquer exigência neste sentido. E como o Ver.
Isaac Ainhorn muito bem colocou,
não é dado a ninguém o desconhecimento da lei, porque a ela é feita ampla publicidade e nós temos que
saber isso antes de outros cidadãos, inclusive para orientá-los. Portanto, não
há no Regimento e no rito processual nenhuma exigência de que a lei esteja
acompanhando a solicitação.
O SR. PRESIDENTE: Continuaremos o processo de
votação. Já solicitei à nossa Diretoria Legislativa que providencie uma cópia
da lei, para que seja distribuída aos Srs. Vereadores.
O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA
(Questão de Ordem): Acho que V.Exa encaminhou muito bem, Ver. Paulo Brum. Solicitamos ao
Ver. Cyro Martini que encaminhe como autor, mas que esclareça para que possamos
ter conhecimento dessa lei.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. O Ver. Cyro Martini hoje está sem sorte e está sendo injustiçado. O
Ver. Cyro Martini descobriu no Regimento a forma de fazer a sua Moção e ele
estava certo. Agora, a Vera. Clênia Maranhão pede que se faça, como diz o Ver. Luiz Braz, que também foi
Presidente e aprendeu. Porque uns foram Presidentes e aprenderam, e outros não
aprenderam nada da inserção no processo. Então está aqui um Projeto de Lei do
Prefeito e uma cópia da Lei que está sendo alterada. Isso é rotina na Casa, mas
não fui Presidente e claro que nunca serei, porque tudo é legal e regimental.
As coisas têm que ser feitas muito bem feitas e têm que ser sempre iguais. O
Ver. Cyro Martini hoje está de azar, foi injustiçado. A Câmara quis alterar e
esqueceu de fazer essa alteração. Tudo bem, ele, atentamente, fez o que eu
faço, leu. Agora, ele está propondo uma Moção de Solidariedade para quem está
ganhando pouco, para uma categoria com a qual ele tem vinculação e acho que
está correto. Ele tem que buscar solidariedade para está ganhando pouco e todo
mundo está ganhando pouco.
Então, na Prefeitura Municipal de Porto Alegre, a coisa é
incrível, é terrível. Só que há uma
diferença muito grande entre o Estado do Rio Grande do Sul, que enfrenta um
momento difícil, e a Prefeitura de Porto Alegre, que coloca o dinheiro no sistema financeiro. Já fiz um Pedido de
Providência ao Sr. Prefeito para que
ele pague parte do 13° salário, agora no mês de julho, em vez de deixar no
sistema financeiro, para que ele pague os servidores como ele poderia ter feito
no mês de março, 225 anos da Cidade de Porto Alegre, não o fez, deixou no
sistema financeiro.
Quando se fala em salário do servidor, o senhor demonstra
sensibilidade, pode não ser a melhor das coisas, mas solidariedade, neste
momento, está valendo. A mesma solidariedade para os servidores municipais. No
mês de maio tem o dissídio da categoria e uma Prefeitura rica, cheia de
dinheiro, capaz de fazer uma série de coisas esquisitas, livro para o movimento
dos Sem-Terra e outras coisas mais.
Quando se refere aos que entram nas terras da Prefeitura, sai tudo a tapa.
Todos saem das terras da Prefeitura e do DEMHAB debaixo da chibata. A
solidariedade do Ver. Cyro Martini é correta, só que precisamos dar solidariedade para o servidor municipal.
Já, no passado, o Prefeito permitiu que o Ver. Airto Ferronato, Presidente da
Câmara, desse um abono de 10% no mês de dezembro, e mais 10% no mês de janeiro.
Como no mês de dezembro havia votações em regime extraordinário, não aconteceu
nada. No mês de janeiro o Prefeito entrou na Justiça e não deixou dar os outros
10%. Essa solidariedade nós precisamos dar aos servidores prefeiturais, que
estão ganhando muito mal, mas muito mal mesmo; precisamos de solidariedade para
eles.
E solidariedade para a Vera. Clênia Maranhão pela sua atenção, que
requerimento, lei, o que seja votado tem que ser instrumentado, tem que ser
documentado. Ninguém é obrigado a conhecer todas as leis, não se pode alegar o
desconhecimento da lei, mas eu duvido alguém que conheça todas as leis
brasileiras, mesmo tendo sido professor e presidente. Saúde e paz. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. JOSÉ VALDIR (Questão
de Ordem): Eu
não quis interromper o Ver. João Dib que estava na tribuna. Penso que ele
estava completamente fora do Regimento, do qual é um assaz defensor e que por um desvio muito menor, ele fez uma
Questão de Ordem , interrompendo a mim e a outros Vereadores na tribuna. Eu não
quis proceder da mesma forma, mas peço que a Mesa tenha cuidado com que o
Regimento seja cumprido e que quem for encaminhar se restrinja à matéria, e não
faça um discurso irônico sobre a questão de Solidariedade que não tinha nada a
ver com o assunto.
O SR. PRESIDENTE: Estamos juntando ao Processo
a referida lei ora em questão.
O Ver. Cyro Martini está com a palavra.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, uma Moção de Solidariedade no sentido desta que nós ora estamos
examinando para efeito de decisão do Plenário, já vem em hora atrasada.
Obviamente, esta questão pertinente ao salário dos funcionários do Estado de um
modo geral e, especificamente, da área policial civil, já atormenta há muito
tempo aqueles que têm obrigação de zelar pela ordem e pela segurança. Eu disse,
em mais de uma oportunidade, que não basta o policial fazer uso até de sua vida
para ele exercer com dignidade, com vontade, como já faz, a sua atribuição, ele
tem que ser respeitado em seus direitos.
E um dos direitos fundamentais, é o salário. Eu, que tenho a honra de
pertencer a uma instituição policial civil, sei e afirmo, categoricamente, que
não é pelo salário que o policial trabalha, porque ninguém trabalharia por uma
miséria salarial entregando a sua vida. Não podemos entender que o esforço do
brigadiano, ou do policial, do inspetor, do escrivão, que entregam a sua vida
em favor do seu dever, seja pelo salário. Seria uma estupidez. Seria algo
inominado e incompreensível. Temos que entender que é pelo zelo, pelo brio,
pela vontade, pelo desejo de ver realizada a sua vocação, o seu destino. E essa
missão do policial nós temos que reconhecê-la, admirá-la e prezá-la.
Entretanto, não podemos admitir que o Governo do Estado continue insistindo em
mal recompensar, em dar em troca um salário mensal aviltado para o policial.
Não podemos aceitar e não podemos compreender. Por isso a Moção de
Solidariedade que nós assinamos em favor do pleito capitaneado nesta ocasião
pela UGEIRM - Sindicato, mas também o é pelas demais entidades da categoria
policial: pela Comissão, pela Associação dos Comissários de Polícia, pelo
Sindicato dos Policiais de modo geral, pela associação dos Delegados de
Polícia, pela UGAPOCI. Todas essas entidades batalham com vontade há muito
tempo para ver reconhecido algo que já é lei há muito tempo.
Agora, uma cidadã vir reclamar que não conhece a lei, até posso
entender, mas um legislador dizer que não conhece a lei! Essa escusa, essa
desculpa é inaceitável. É uma confissão de ignorância contra a qual temos que
nos rebelar. Não podemos admitir que isso ocorra. É a mesma coisa para mim que
o Secretário da Fazenda do Estado vir aqui e dizer que desconhece a Lei. Eu não
entenderia em absoluto. Se um Vereador diz isso, não compreendo; o Secretário
da Fazenda, eu também não posso
entender. São fatos dessa ordem que me perturbam.
Quero aproveitar para chamar a atenção dos funcionários em geral:
atentem para a reforma administrativa. A imprensa, os meios de comunicação
chamam a atenção: sobreteto, extrateto, subteto e teto de toda a sorte. Cuidem
do problema da estabilidade, da
isonomia, da paridade, e vejam isso em termos de desemprego. E no Estado, o
Governador que cumpra a sua própria lei. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Queremos registrar a
presença no Plenário da Presidente do CPERS - Sindicato Professora Lúcia Camini.
O Ver. Luiz Braz Está com a palavra para encaminhar.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu tenho certeza absoluta de que poucas são as pessoas deste nosso
País que têm o conhecimento tão privilegiado como o da Vera. Maria do Rosário e
do Ver. Cyro Martini; que são conhecedores de todas as leis que existem nesse
País e chamam o restante da população, que não conhece este arcabouço
legislativo que nós temos em Municípios, Estados e Federação, de ignorantes. Os
dois são os grandes conhecedores do que existe em legislação no País! O resto é
ignorante. Mas fica bem, assim. E nós, que somos os ignorantes, temos a
obrigação como Legisladores ou deveríamos ter, pelo menos, esta obrigação de
conhecer a Constituição Federal que a ignora o nosso grande sábio, o Ver. Cyro
Martini. E este grande sábio, Cyro Martini, deveria saber que, pela
Constituição, nós não podemos, ou a administração não pode conceder aumento
para uma categoria e não oferecer para outra. A Constituição proíbe. E é tão
verdade isso que, há bem pouco tempo, o Governo Federal concedeu aumento para
os militares e, por causa deste aumento dos militares, algumas ações
ingressaram no Supremo Tribunal Federal e foi exigido pelo Supremo Tribunal
Federal que essas ações fossem vitoriosas para que também estas pessoas
pudessem ganhar aumento, baseado na Constituição. Mas é claro que o sábio Cyro
Martini, que ocupa a sua cabeça com todo o arcabouço legislativo deste País,
vai desconhecer a Constituição. É muito para o Ver. Cyro Martini conhecer a
Constituição e, por isso, ele oferece esta Moção de Solidariedade que deveria
na verdade ser para todos os funcionários, todos no âmbito do Estado como,
também, no âmbito do Município.
Quem aqui no Município ignora
que o funcionário público anda numa situação ruim, talvez a situação
pior dos últimos tempos? E o que oferece o Governo Municipal? Absolutamente nada.
Pega as reservas do Município e gasta com propaganda, guarda as reservas do
município e gasta de forma que não beneficia ninguém, nem os funcionários e nem
o município. Ou alguém vai me convencer que patrocinar um livro com o hino dos
Sem-Terra está beneficiando o Município de Porto Alegre? Ou alguém vai me
convencer que, no momento em que faz cinco milhões de propagandas, antes das
eleições, está beneficiando o Município de Porto Alegre? É claro que o sábio
Cyro Martini não pode conhecer a Constituição, é muita Lei na sua cabeça. Ele e
a Vera. Maria do Rosário conhecem todas as leis. É claro que a Constituição não
pode ser conhecida por essas pessoas. Eu peço, por favor, que percam alguns
minutos das suas vidas e leiam a Constituição. Não é assim tão difícil e, de
repente, lendo a Constituição vão ter a certeza de que moções como essas devem
vir em prol de todos. Não vamos fazer um único pedido em prol dos policiais
civis porque somos favoráveis a todos os outros. Então, peço que o sábio Ver.
Cyro Martini possa adendar a sua Moção e colocar que todos os funcionários
públicos, tanto do Estado como do Município, devem receber essa solidariedade
da Câmara Municipal. Em favor dessa solidariedade, eu vou votar e tenho certeza
absoluta de que a minha Bancada também vota, porque todos nós somos testemunhas
de que o funcionário público aqui no município está à míngua. Todos sabemos das
dificuldades que vive o funcionário público do Estado. E os da União? Há três
anos sem aumento! Vamos fazer com que essa Moção seja generalizada. Faça um
adendo, não vamos contrariar a Constituição e aos sábios Vereadores Cyro
Martini e Maria do Rosário, vamos ler a Constituição, por favor. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, queremos
registrar e saudar a presença do Sr. Hélio Guedes, Fundador da Caixa Econômica
Estadual que está aqui nas galerias. Receba o nosso carinho.
Encaminha pelo PSDB o Ver. Cláudio Sebenelo.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, para encaminhar a matéria, que é uma Moção de Solidariedade aos
servidores que se agrupam numa sigla chamada UGEIRM, que é da Polícia Civil, eu
queria pedir encarecidamente que o Ver. Cyro Martini se retratasse perante a colega Clênia Maranhão. Eu acho que há
discussão, há debate, mas não pode chamar a colega, digna, competente, aplicada
Vera. Clênia Maranhão, não pode ser chamada publicamente de ignorante.
Ignorante é ainda um termo pejorativo, apesar de todos nós sermos ignorantes.
Temos que ter um pouco mais de modéstia. Não estou aqui para dar lição de moral
a ninguém. Acho que todos nós somos iguais, mas é intolerável esse tipo de
debate, que tem um erro de raiz, porque moção é um pedido corporativo.
Eu quero incluir nessa Moção todos os servidores estaduais, todos os
servidores municipais, por exemplo, os professores estaduais, que passam por
momentos terríveis, assim como os técnicos-científicos do Estado, que ganham um
insignificância. Eu acho que, se eu pedir isso, estarei agindo
corporativamente. Nesse momento, de grande retração em todos os estados
brasileiros, inclusive na União, as injustiças do ponto de vista salarial são
gritantes e me parece inaceitável que esse tipo de debate, pela delicadeza do
tema e, principalmente, pela moção que é pontiforme, porque pega apenas um
subsegmento da classe, deixa de ser aceito por um grupo de Vereadores que tem a
obrigação de vetar essa Moção, porque ela não é apenas a expressão do
corporativismo. Ela também comete injustiças com outras classes que se expõem,
e que expõem a vida, como os funcionários que trabalham em sanatórios de
doenças contagiosas, como os funcionários de hospitais, como outros agentes que
expõem a sua vida diariamente e que não estão ostentando e nem têm no seu
requerimento um pedido de exceção. Não podemos aceitar essa Moção e vamos votar
contra, não porque sejamos contra os funcionários da UGEIRM, mas, muito ao
contrário, pela forma como foi encaminhada. Infelizmente, não foi feliz, assim
como a força que o idealizador da Moção debateu, com desrespeito a um colega, o
que é inaceitável. Por isso, o nosso voto é contra. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA CLÊNIA MARANHÃO
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, tive que me ausentar do Plenário para atender a um
telefonema. Tive a informação de que
sofri agressões verbais do Ver. Cyro Martini, que me chamou de ignorante.
Queria pedir à Mesa, com autorização do erudito Ver. Cyro Martini, se é
possível me ceder a cópia do brilhante discurso erudito do Exmo. Sr. Vereador.
O SR. CYRO MARTINI (Esclarecimento):
Sr.
Presidente, a expressão ignorância tem mais de um sentido. Quando a gente diz:
ignora a lei, a gente quer dizer: desconhece a lei.
O SR. PRESIDENTE: A Vereadora perguntou se
V.Exa. concede as notas taquigráficas mesmo antes de sua revisão.
O SR. CYRO MARTINI: Sim.
O SR. PRESIDENTE: Está concedido, então.
O SR. CYRO MARTINI: Quero deixar bem claro.
Ignorar é desconhecer.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO
(Esclarecimento): Que tempo ele está usando? Tenho o direito de saber. É uma Questão de
Ordem, o que ele está fazendo?
O SR. PRESIDENTE: Ele já autorizou a cedência
das notas taquigráficas. O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para
encaminhar pelo PT.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, estão aqui pessoas do CPERS que hoje vamos homenagear e não quero
me prorrogar nesta discussão que é de clareza solar para todos nós e,
principalmente, para a assistência que aqui comparece.
Gostaria de dizer ao nobre Ver. Luiz Braz: quem não conhece este
livrinho chamado Constituição Federal? O seu partido, Ver. Luiz Braz, num
passado recente, passou a apoiar esse Governo. Não sou eu que digo, não é o PT
quem diz, mas o seu Governo não obedece ao princípio da publicidade.
Então, Ver. Luiz Braz, seria muito interessante, colaborando nas
reuniões da coordenação política, que V.Exa. levasse até o Governador e ao
Secretário da Fazenda este livrinho para que eles lessem e soubessem que é
crime de responsabilidade não cumprir as leis. O Governo do Estado não vem
cumprindo as leis com os funcionários da Polícia, do Poder Judiciário, do
magistério. Se V.Exa. não dispõe em seu gabinete de uma Constituição, eu posso
ceder-lhe. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Questão de Ordem com o Ver.
Luiz Braz.
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de
Ordem): Sr.
Presidente, mais uma vez V.Exa. permitiu que o orador fosse para a tribuna e
não discorresse sobre o tema que está sendo encaminhado. O orador foi à tribuna
apenas para se referir a este Vereador num assunto completamente diferente.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa não está interrompendo o orador para que ele
possa seguir e entrar no assunto em Pauta.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, eu acredito
que o Ver. Juarez Pinheiro não conhece o Regimento da Casa. Solicito à Mesa que
entregue ao Ver. Juarez Pinheiro, por favor, um exemplar do Regimento.
O SR. PRESIDENTE: Questão de Ordem com o Ver.
Juarez Pinheiro.
O SR. JUAREZ PINHEIRO
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, não retiro absolutamente e vou dizer por quê. A moção é
no sentido de que o Governo do Estado não vem cumprindo as leis salariais e foi
exatamente sobre isso que falei. Eu disse que o Governo do Estado não vem cumprindo as leis salariais do
Judiciário, da Polícia e do Magistério. Falei sobre a Moção.
O SR. PRESIDENTE: Está bem Vereador. O Ver. Fernando Záchia está
com a palavra.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Acho que o respeito deve ser mantido, é uma característica desta
Casa e os Vereadores, certamente, vão cumprir. O Ver. Cyro Martini, com
competência que é sua característica, solicita essa Moção de Solidariedade
baseado em declarações da imprensa como registra a edição do “Correio do Povo”,
de 15.04.97: “O Presidente do Sindicato, da UGEIRM, Jorge Quadros, afirma que o
argumento do Governo era de que não havia dinheiro para cumprir a lei, mas
acreditamos que as dificuldades já tenham sido sanadas. A prova disso é que o
Tesouro do Estado repassou 253 milhões para a GM”. Com relação a esses 253
milhões tem-se ouvido no Município e no
Estado, e com razão, as pessoas dizerem: “Mas o Estado não tem dinheiro para a
educação e tem dinheiro repassar para a GM; o Estado não tem dinheiro para a
saúde e tem dinheiro para repassar para a GM; o Estado não tem dinheiro para
diversas obras, principalmente para pagar mais qualificadamente o funcionário
público, mas tem dinheiro para pagar a GM”. Nós, que temos uma responsabilidade
pública, temos que ter o cuidado de informar corretamente as pessoas. Talvez o
Presidente, Sr. Jorge Quadros, também tenha tido o acesso a essa informação
correta, os 253 milhões na GM vieram da reforma administrativa. O Ver. Renato,
contabilmente, fez parte de um processo aprovado pela Assembléia de reforma
administrativa. Se chegou pela CRT, se chegou pelos salários dos funcionários,
eu tenho até uma dificuldade de acreditar que teria vindo da CRT. Ele não pode
legalmente sair do Tesouro do Estado e ir direto para a GM, ele tem que ser
captado através desta reforma administrativa e, dali, partir para a GM. Não
entro no mérito, que considero correto.
Entendemos que, dentro do possível, deve ser a mesma política para a
esfera federal, estadual e municipal. Nós temos que pagar melhor o funcionário
público. Tenho a convicção de que a Administração Popular tem o máximo de
interesse em pagar melhor os funcionários. Ela deve ter dificuldades
financeiras e isso parece óbvio. Ela paga pouco ao funcionário público
municipal, não porque queira. É porque tem dificuldades financeiras. E assim,
também, nos faz pensar que o Governo do Estado não paga melhor, porque também
tem as suas dificuldades financeiras. Com o que não podemos concordar - e
insisto nessa tese - é com o texto da moção, porque tecnicamente está
incorreto. Não o mérito, que acho corretíssimo, mas tecnicamente está
incorreto. O texto contém uma informação técnica com a qual não posso
concordar. Ela é inverídica. Se eu encaminhasse contrariamente, quero que V.Exa
entenda, não seria quanto ao mérito,
mas estaria encaminhando contrariamente pela técnica processual, que não está
correta, porque a informação básica do processo não está correta. Diz que o
Governo do Estado não paga melhor os funcionários porque pagou à GM: “A prova
disso é que o Governo do Estado repassou 253 milhões à GM e por isso não tem
dinheiro”. Não é isso. Nós não podemos tirar dinheiro de determinada parte e
colocar em outra. V.Exa., Ver. Cyro Martini, sabe disso como grande conhecedor
das leis que é, sabe da administração contábil e administrativa do Estado.
Então, Ver. Cyro Martini, quanto ao mérito há a minha concordância, quanto
à questão salarial do funcionário, eu tenho que respeitar, mas essa Casa não
pode votar alguma coisa que tecnicamente não está correta, porque não estaremos
aprovando somente o mérito, estaremos aprovando todo o processo. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. NEREU D’ÁVILA
(Esclarecimento): O encaminhamento que o Ver. Fernando Záchia acaba de fazer da tribuna
enfoca a questão que foi muito discutida aqui há algum tempo, a respeito da
moção e o seu texto justificatório. Quero um esclarecimento porque segundo o
encaminhamento do Ver. Fernando Záchia, dá a impressão de que ele é contrário à
moção de apoio à UGEIRM, porque o texto da justificativa traz outros problemas.
Segundo o meu entendimento, eu quero a clareza para o Plenário: irá somente a
parte da solidariedade, a justificativa não irá.
O SR. PRESIDENTE: V.Exa. está certo. A
discussão foi longa, foi feito um parecer da Comissão de Justiça, que colocou
nesses termos: uma coisa é a proposta, a outra é a justificativa. A moção vai
só; a justificativa fica por conta da decisão do Plenário. É esta a decisão da
Comissão de Justiça.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA
(Questão de Ordem): No processo não está escrito justificativa. É um texto único. A moção
tem o “caput” e depois tem justificativa e explicação. Nesta moção o texto é
único, porque se nós separamos fica sem sentido.
O SR. PRESIDENTE: Está esclarecida a questão.
O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para encaminhar.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o nosso partido, o PDT, encaminha favoravelmente à Moção de
Solidariedade, de apoio ao movimento da UGEIRM, que pede o cumprimento da Lei
Estadual n° 10395, de 1995. A questão fundamental é o descumprimento por parte
do Governo Estadual de algumas questões básicas em relação à política salarial.
Aqui, há um espaço em branco a caracterizar que a parte de baixo do documento é
uma justificativa; não há dúvida nenhuma. Acho que a colocação do Ver. Cyro
Martini é fundamentalmente política, pois, segundo ele, se consegue dinheiro
para a GM e não se consegue dinheiro para o pagamento da política salarial. E
tem total razão o Ver. Fernando Záchia, quando diz que não é possível se pegar
dinheiro dessa rubrica, cuja origem desses recursos é a privatização, ou seja,
a venda do controle acionário de empresas, e jogar-se em cima do pagamento de
funcionários públicos. Na realidade, a intenção do requerente, isto é, a
proposta da Moção de Solidariedade, é dizer que existem dois pesos e duas
medidas. De uma lado, uma administração que, para trazer uma empresa forte para
o Estado, contempla com a importância de
253 milhões e, de outro lado, deixa os assalariados do Estado morrerem
na míngua. É essa a questão básica. Nós sabemos que o sentido da referência à
GM, Ver. Fernando Záchia, é uma questão de natureza política. E quanto à Lei
10.395, constituída de 35 artigos, é óbvio que o princípio legal é de que
ninguém pode se escusar do conhecimento de qualquer lei. Essa Lei refere mais
outras tantas leis, no mínimo dez leis são referidas aqui. Nós, para
examinarmos essa Lei, Vera. Clênia Maranhão, não só precisaríamos de uma
assessoria jurídica, mas, também, de uma assessoria econômica para esclarecer
cada um desses dispositivos. Nada contra os economistas, mas falta a presença
do bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais que dá aquilo que é fundamental à
lei, a clareza do texto legal. Isso é importante, pois há dificuldade nessas
matérias de origem salarial. Não podemos
deixar dúvidas. Então, a preocupação do legislador é o detalhe, muitas
vezes tornando a lei complexa e de difícil compreensão mesmo aos técnicos e
profissionais. Quero deixar isso registrado. A Moção é clara, ela possui uma
natureza política.
Eu sou um crítico da Administração Municipal, mas tem um dado que não
podemos ignorar: é uma política perversa essa da Administração Municipal com
seus funcionários, mas temos que reconhecer que, bimestralmente, há a correção
da inflação. É pouquinho? É, mas o princípio é de que é uma economia com
patamares de inflação altamente controláveis. Agora, bimestralmente vem a
correção. É um aspecto que se soma a um Governo Federal que há 30 meses não dá
0,1% de aumento aos seus funcionários. Da mesma forma em relação aos
funcionários estaduais.
Portanto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, com a seriedade que a
matéria exige desta Casa, ao se examinar uma Moção de Solidariedade que cobra o
cumprimento de uma legislação salarial - e, aliás, já fomos Governo e
enfrentamos, na frente do Palácio do Governo, sinetas, greves e reconhecíamos o
direito daqueles funcionários de reivindicarem e pleitearem os seus direitos -
nós, com Casa fundamentalmente política, temos que emitir um juízo político de
apoio à UGEIRM neste momento em que busca a solidariedade de todos os segmentos
da sociedade, sobretudo pelo papel que desempenham esses homens na segurança da
Cidade e do Estado. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. JOSÉ VALDIR
(Requerimento): Sr. Presidente, solicito que após esta votação imediatamente se passe
ao período de Comunicações, para que possamos tratar da homenagem ao CPERS,
cuja direção já está há uma hora e meia assistindo os debates, que estão muito
instrutivos na tarde de hoje, muito educativos, mas é importante que
imediatamente entremos no período de Comunicações.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa a V.Exa. que
há apenas um Requerimento que solicita uma Sessão Solene em homenagem à
Sociedade Gondoleiros.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, gostaria de
fazer um apelo para que não houvesse encaminhamento.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa está tentando equacionar
a matéria que foi levantada pelo Ver. José Valdir.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, quero
encaminhar a matéria que está em discussão.
O SR. PRESIDENTE: V.Exa. quer encaminhar a
matéria que estava em discussão. Perguntei se havia mais algum encaminhamento,
não tinha mais nenhum. Vereador, vou abrir a palavra a V.Exa., não tem
problema, apenas não consegui ouvir.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, nós aqui atrás ficamos sem ouvir o que V.Exa. estava
falando, então gostaria que V.Exa. repetisse. É uma Sessão Solene para quê?
O SR. PRESIDENTE: Vou esclarecer. Havia
realmente muito ruído, V.Exa. tem toda razão. Há um requerimento do Ver. Luiz
Braz pedindo Sessão Solene destinada a homenagear a Sociedade Gondoleiros pelos
seus 82 anos de fundação. Como não exige grandes discussões, poderíamos colocar
o Requerimento em votação, caso contrário, vamos atender à solicitação do
Vereador.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu tenho o direito, enquanto Vereadora, de não ser
importunada. Ou vou ter que recorrer a um segurança para poder ter
tranqüilidade sentada no meu lugar?
O SR. PRESIDENTE: Vera. Clênia Maranhão, Ver.
Cyro Martini, a Mesa não consegue entender o que houve, mas...
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Machismo e prepotência, foi
o que houve!
O SR. PRESIDENTE: Vera. Clênia, em
consideração a V.Exa. a Mesa está solicitando e já entendeu que o Ver. Cyro
Martini também atendeu a sua solicitação.
O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, observo que esta Casa, no seu dinamismo, encontra-se plenamente
integrada nos debates que aqui ocorrem, que são muitas vezes marcados pela
intensidade, o que é extremamente positivo.
Eu acabava de chegar à Casa, vindo de um compromisso externo, em que
junto com V.Exa. assistia aos atos de posse do Presidente do Tribunal Regional
Eleitoral, em delegação da Casa, e ouvia o Ver. Fernando Záchia manifestando-se
sobre o assunto. O que me levou a chegar até a opinião equivocada de que se
estivesse discutindo aqui na Casa a participação, o trabalho organizado pelo
Governo do Estado no sentido de atrair para o Rio Grande do Sul esse grande
investimento que é a General Motors. Mais tarde, eu verifiquei que o Ver.
Fernando Záchia falava que, na busca de uma Moção de Solidariedade ao movimento
da UGEIRM - Sindicato, que reclama do Governo do Estado o cumprimento da Lei
Estadual n° 10935, de 01.06.95,
relativamente a vencimentos e soldos, na busca de justificativa, se fazia uma
afirmação inteiramente despropositada, o que me leva a entender o
pronunciamento do Líder do PMDB, que já esclareceu esse particular.
O SR. PRESIDENTE: Perdoe, Vereador, mas a Mesa
é obrigada a pedir silêncio. Não há condições de o trabalho de taquigrafia se
realizar. Os Vereadores Líderes, podem dar o exemplo de manter silêncio, uma
vez que o Ver. Reginaldo Pujol fala baixo e pausadamente - é a forma de ele se
expressar -, para que todos ouçam e tenhamos condições de terminar esse assunto.
O SR. CYRO MARTINI (Questão
de Ordem): Sr.
Presidente, quero registrar que jamais me passou pela cabeça chamar quem quer
que seja - isso não faço em parte alguma -
de ignorante no sentido pejorativo, de dizer que é uma pessoa menor no
sentido moral; quando muito, uso ignorar no sentido de desconhecer. É nesse
sentido que devo ter empregado. Entretanto, se a nobre Vereadora se sentiu
ofendida, a mim cabe um pedido de desculpas, que faço tranqüilamente, embora eu
entenda que não deva pedir, porque não faltei com o respeito.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa considera um gesto
elegante e educado do Vereador e dá por encerrada a situação Vera. Clênia
Maranhão. Nessas questões, esclarecidas dessa forma, tem que haver complacência
da Mesa no sentido de que, regimentalmente, não havia como atender o que foi
pedido pelo Ver. Cyro Martini.
Com a palavra o Ver. Reginaldo Pujol.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Como ignoro o que
aconteceu na Casa antes, fico restrito ao que estou votando nesta hora. Em
verdade não quero polemizar sobre o assunto. Foi muito feliz o Ver. Isaac
Ainhorn quando disse que há um substrato político em qualquer manifestação da
Casa. E o que se busca aqui é uma solidariedade com uma entidade sindical que
está postulando o cumprimento de uma lei que não está anexada no processo, e
que eu teria todo o direito de ignorar que lei é essa. Tenho que votar é o
Requerimento, que é o que tem que ser instruído adequadamente e não a minha
limitada capacidade de ter conhecimento de todas as coisas que acontecem fora
da administração do Município. Eis que esta Lei me dá a entender, por tratar de
soldo de policiais militares, que votada na Assembléia Legislativa do Estado e
é, por conseguinte, uma Lei Estadual. Eu tenho dificuldades até de ter
conhecimento de todas as leis que surgem nesta Casa, o que dirá as que surgem
fora da Casa, neste Legislativo em que está envolvido o momento político
brasileiro. De tal sorte que, ao votar esta matéria, eu tenho que ter as
devidas cautelas. Apoiar um movimento reivindicatório por parte de segmento da
administração pública é, para mim, algo rotineiro. Acho que a forma legítima de
as pessoas reclamarem os seus direitos é se estabelecerem ordeiramente em
entidades representativas e aí partir para a reivindicação. Outra forma
civilizada não vejo para que isso ocorra. Então, apoiar esse tipo de
manifestação tem sido uma constância para mim. Eu sou um homem que defende a
liberdade política e, se assim o faço, eu tenho que defender, também, a
liberdade de organização dos segmentos sociais que, no caso, se organizam em
torno UGEIRM, que é a entidade que representa os direitos eventualmente não
satisfeitos pelo descumprimento da Lei n° 10935 de 1° de junho de 1995.
Por isso, Sr. Presidente, esta é a matéria que eu tinha o direito
tranqüilo de, por ignorá-la, abster-me de votar. Mas não sou homem de
abstenção. Vou refletir adequadamente até o momento de dizer sim ou não, e o
farei de acordo com aquilo que a minha consciência mandar. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Sr. 1° Secretário informa
que a Lei está anexada ao Processo.
O Sr. Reginaldo Pujol: (Aparte Anti-regimental.)
Aqui não há lei nenhuma anexada.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa sente-se constrangida de ter dado a informação de que
estava, realmente, anexada ao Processo. É um fato grave, mas não vamos
prejudicar a votação em função disso. Depois vamos fazer a sindicância.
Em votação o Requerimento do Ver. Cyro Martini. (Após a chamada.) APROVADO o Requerimento nº 90/97 do
Ver. Cyro Martini por 18 votos SIM e
07 votos NÃO.
Requerimento n° 98/97 de autoria do Ver. Luiz Braz, solicitando a
realização de Sessão Solene destinada a registrar homenagear a Sociedade
Gondoleiros pelos seus 82 anos de fundação.
Em votação.(Pausa.) Os Senhores Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Requerimento verbal de autoria do Ver. José Valdir, solicitando que
entremos imediatamente no Período de Comunicações.
Em votação. (Pausa.) Os Senhores Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Passamos a o período de
COMUNICAÇÕES
Este período é destinado a homenagear o Centro de Professores do Estado
do Rio Grande do Sul - CPERS - Sindicato, pelo transcurso dos seus 52 anos em 21 de abril. Esta homenagem
é feita nos termos do Requerimento n° 077/ 97 - Processo n° 1212/97, de autoria
do Ver. José Valdir. A Mesa tem a satisfação de convidar, além do 1°
Secretário, Ver. Paulo Brum, para fazer parte desta Mesa; também o
Representante do Prefeito Municipal de Porto Alegre, Prof. Delmar Steffen -
ex-Presidente do CPERS-Sindicato, gestão de 1987 a 1990; a Presidenta do
CPERS-Sindicato, Sra. Lúcia Camini e a
Sra. Sofia Nunes, Secretária Adjunta de Secretaria Municipal de
Educação.
Antes de darmos início a este ato de homenagem a Mesa informa que, além
do requerente, Ver. José Valdir, a palavra também poderá ser usada pelos demais
Vereadores, desde que inscritos no Período de Comunicações, não havendo, até o
momento, nenhuma inscrição. Solicito que seja feita a inscrição junto ao Sr.
Secretário.
Recebemos telegramas, cumprimentos pelo evento, do Dep. Arno Frantz,
que não veio, por motivo de compromissos na Assembléia Legislativa, e do Dep.
Ciro Simioni.
Com a palavra o Ver. José Valdir, proponente desta homenagem.
O SR. JOSÉ VALDIR: Senhor Presidente,
companheira Lúcia, representando a Diretoria do CPERS; companheiro Delmar,
representando o Sr. Prefeito; companheira Sofia, representando a Secretaria de
Educação; companheiros professores, Vereadores e demais presentes. (Lê.)
“O CPERS nasceu em 21 de abril
de 1945, como Centro dos Professores Primários do estado do Rio Grande do Sul,
lutando pela aposentadoria especial ( 30 anos para os homens e 25 para as
mulheres) e pela implantação do Estatuto e Plano de Carreira, consolidado em
1954 e aperfeiçoado vinte anos depois, pela Lei 6672, alvo constante dos
ataques dos governos estaduais nas décadas de 80 e 90. Em 1973, o CPERS engloba
os professores do ensino médio, e, em 1989 e1990, todos os trabalhadores em
educação. Em 1994, institui o Congresso Estadual, como instância máxima de
deliberação.
Impedindo de se organizar como sindicato, o CPERS cumpriu na prática um
papel tipicamente sindical, cresceu e ampliou sua base social, graças à
democracia interna, à militância de suas lideranças e ao engajamento da sua
categoria. O prédio central e os 42 núcleos são exemplos de uma estrutura
material construída sem as aparentes “facilidades” do imposto sindical,
demonstrando que a autonomia sindical é perfeitamente viável.
Essa caminhada só foi possível pela legitimação social e pela
representatividade da instituição junto à sua base, expressa no alto índice de
associados (um dos mais elevados do sindicalismo brasileiro), seus únicos
mantenedores. Sua força adveio, em grande parte, dessa autonomia e
independência frente à estrutura oficial do Estado e aos governos que, em
momentos de confronto, sempre tentaram, em vão, jogar a sociedade e a base da
categoria contra a instituição e sua diretoria e, até, interferir no seu
funcionamento.
O CPERS não é intransigente, como costumeiramente acusam alguns setores
da grande imprensa. Todas as nove greves levadas a cabo a partir de 1979, foram
deflagradas após exaustivo e infrutífero processo de negociações e suas
reivindicações versaram invariavelmente sobre compromissos solenemente
assumidos e desdenhosamente negados (como, por exemplo, o Acordo de 80 e o piso
de 2,5 s.m., ignorados pelos governos da época); sobre leis descumpridas e
conquistas ameaçadas (como as tentativas de alteração arbitrária do Plano de
Carreira, atitude que permeou as ações de, praticamente, todos os governos nas
décadas de 80 e 90); sobre retrocessos, prepotências e arbitrariedades
humilhantes inaceitáveis dos governantes (como foi a implantação do QPE, o
Rotativo e a cassação das Eleições de Diretores).
O CPERS não é corporativista. Tem uma batalha incessante em defesa da
escola pública democrática, gratuita, transformadora e de qualidade. A
existência dos conselhos escolares e da eleição de diretores e a resistência ao
aniquilamento e ao aviltamento completo da escola pública deve-se, em grande
parte, à decisiva atuação do CPERS.
Esse registro é importante neste momento, quando o projeto neoliberal
com sua lógica de estado mínimo tenta de todas as formas, desmontar as
políticas sociais básicas, privatizando serviços e tentando incutir na
sociedade a “religião do mercado” cujos dogmas são a competitividade, a
produtividade, a eficácia, a gestão e o controle.
No caso da educação, o Neoliberalismo se concretiza se concretiza na proposta
da mercoescola apresentada e defendida pelos governos estadual e federal. É a
escola se organizando dentro da lógica empresarial voltada às necessidades do
mercado do mercado, descomprometida com a formação crítica para o exercício da
cidadania. A “reforma” educacional proposta parte da análise de que os
problemas da educação brasileira se devem exclusivamente à ineficiência
gerencial.
Pretende descentralizar a sustentação da escola, repassando as
responsabilidades pela sua
manutenção às esferas inferiores
(estados e municípios), o que vai estacionar
na comunidade que, na prática, acabará tendo que assumir o ônus de
manter as escolas em funcionamento. Essa concepção de municipalização (vale
dizer prefeiturização) é a mesma que no Chile, na Argentina, na Bolívia e na
Venezuela, tem levado ao sucateamento da escola pública e ao avanço da
privatização. Exemplo disso é o Projeto de Lei do Governo Estadual, em
tramitação na Assembléia Legislativa, que, em seu artigo 2°, parágrafo 1°,
autoriza o executivo a transferir para terceiros, ‘mediante cessão ou concessão
de uso, os bens afetos aos estabelecimentos de ensino que ofereçam somente
cursos técnicos de habilitação plena’.
O mais maquiavélico de tudo, é que o receituário neoliberal para a
educação - tanto estadual como federal - vem em pílulas doiradas ou em
coloridos pacotes de presente acompanhado de um discurso progressista, roubando
e desfigurando as bandeiras dos movimentos e das entidades da área de educação,
como por exemplo, a descentralização, do repasse das verbas, a democratização
das escolas e a eleição de Diretores.
Dois exemplos podem ser invocados. A “nova” LDB - um estatuto
neoconservador que ignorou os acúmulos de um rico debate nacional incorporado a
projetos que tramitaram no Congresso Nacional por mais de cinco anos - é
totalmente omissa em relação è educação de zero a seis anos, tanto na garantia
do acesso, quanto na forma de organização e funcionamento. O ‘Fundo de
Desenvolvimento do Ensino e de Valorização do Magistério’, constituído com
recursos federais, estaduais e municipais, estabelece um custo/aluno médio de
300 reais (em Porto Alegre, hoje, é de 1300) e a vaga possibilidade de um
salário médio de 300 reais, confundindo com a histórica reivindicação dos
professores de um piso nacional unificado.
O magistério gaúcho que já foi o melhor remunerado do país hoje tem os
salários mais baixos de toda a sua história, colocando o Rio Grande do Sul
muito próximo aos piores estados do nordeste. As conseqüências sabemos quais
são. Vão desde o surgimento do professor-camelô, do professor-biscateiro, do
professor faz-tudo, até o abandono da profissão. As salas de aula transformadas
em mercados nos recreios das escolas, e a sobra de vagas nos vestibulares em
cursos que preparam professores são os fatos dessa triste realidade. O
professor que, até a década de 80, ainda conseguia adquirir um automóvel e
participar de projetos habitacionais, hoje está submetido a um processo de proletarização e de favelização
crescentes. Nesse contexto, continua sendo impossível a “PAZ NA EDUCAÇÃO”. A
não ser que paz seja sinônimo de tentativa de sufocar nosso grito impondo o
silêncio imposto. Ao CPERS, no entanto,
ninguém cala. Sua voz pode, eventualmente, ser rouca, mas trará sempre a
mensagem da indignação, da revolta e da convocação para a luta por uma nova
escola e pela dignidade dos trabalhadores da Educação. PARABÉNS CPERS!” Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Temos a satisfação de anunciar como extensão da Mesa
a presença da Professora Neiva Larazotto, Diretora do CPERS - Sindicato; da
Professora Neida Oliveira, também Diretora do CPERS - Sindicato; Professora
Maria Inajara Silveira, Diretora do 38º Núcleo; e do Professor Cláudio
Quenerim, representando o DEP.
A Vera. Maria do Rosário está com a palavra.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente; Sr. 1º
Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Paulo Brum; Sr.
Representante do Prefeito Municipal de Porto Alegre, ex-Presidente do CPERS -
Sindicato, Professor Delmar Steffen; Sra. Presidente do CPERS - Sindicato,
Professora Lúcia Camini; Sra. Secretária Adjunta da Secretaria Municipal de
Educação, Professora Sofia Cavedon Nunes; Senhores e Senhoras; Vereadores e
Vereadoras. É certo que o sonho, que era possível de se realizar e apaixonado
daquelas fundadoras que, há 52 anos, fundaram o CPERS - Sindicato nos é trazido
à lembrança em um momento como este e em um tempo em que duas palavras, na
minha avaliação, caracterizam esses 52 anos de luta: uma palavra é luta, e a
outra é diálogo. Essas duas palavras fizeram parte de 52 anos de história,
iniciados com sonho pelas professoras primárias de um outro tempo e que,
certamente, enfrentaram discriminação, dúvida e pressão da sociedade, quando
resolveram, naquele momento, organizar o magistério gaúcho. De lá para cá,
nestas duas palavras, luta e diálogo, o CPERS - Sindicato se afirmou como
organização das mais importantes no estado do Rio Grande o Sul e no País,
quando se fala em educação, quando se fala em direitos, quando se fala no papel
do Estado na responsabilidade que ele tem com o conjunto da sociedade.
O poeta cubano Roberto Retamar nos fala de fome, pão e beleza, e o Frei
Beto, quando esteve aqui em Porto Alegre , disse que a fome de pão e de beleza
são a base da pedagogia e que a fome do pão pode ser saciada com a luta diária
que os trabalhadores fazem pelos direitos salariais contra o desemprego e por
uma sociedade que seja justa para todos, reconhecendo as diferenças que existem
dentro dela. Mas, de outro lado, é o Frei Beto que nos diz que a fome de beleza
é uma fome infindável e de que somos
incapazes de saciar, mas que o começo dessa busca tem, o seu momento nas
escolas e na relação que se estabelece entre os professores e alunos, entre
alunos e alunos, entre professores e professores pois que é desta relação e
deste papel da escola que podemos, de fato, afirmar esta sociedade para que
seja justa, democrática e viva, para que reivindique para si os direitos que
lhe são negados.
O sonho possível daquelas
educadoras de 52 anos se traduz nas palavras de ordem no Gigantinho cheio, no
Araújo Viana, dos nossos dias, na caminhada que, na semana passada, o CPERS -
Sindicato desenvolveu, nas sinetas em frente ao Palácio Piratini e na denúncia,
sim, na denúncia das condições de vida que o professor tem nos nossos dias.
O professor se assume e é, sem dúvida alguma, um trabalhador. É um
trabalhador assalariado ao lado dos demais trabalhadores, dizendo o tipo de
sociedade que interessa aos trabalhadores. Dizem os professores, pela voz do
CPERS - Sindicato, que o piso salarial de 111 reais e alguns quebrados, de
fato, não garantem a possibilidade de um trabalhador viver com dignidade. Dizem
os professores que este Governo, com o discurso fácil do neoliberalismo, com o
discurso fácil de que todas as relações podem ser estabelecidas e reguladas
pelo endeusamento do mercado, é, na prática, e na vida, um governo autoritário,
que não reconhece os direitos dos seus servidores públicos. E que sequer
recebe, como deveria, os servidores públicos, para que de fato pudesse se
estabelecer a segunda palavra que, para mim, é a palavra que também dá tom à
vida do CPERS - Sindicato, que é a palavra “diálogo”. Como pode, senhores e
senhoras, existir diálogo se só uma
parte da sociedade busca esse diálogo e se outra parte fecha as portas, não
recebe, não estabelece o diálogo. E é esta a realidade que nós vemos nos nossos
dias!
No setor agrícola, nós observamos, os pequenos agricultores não foram
recebidos quando vieram a Porto Alegre; os grandes agricultores tiveram, estes,
sim, para o financiamento das suas dívidas, uma câmara privilegiada de debate
da situação em que se encontravam. É certo, sim, que para grandes empresas
multinacionais nós temos essas câmaras privilegiadas. e foram 253 milhões
destinados, na calada da noite, à implantação da “General Motors” no Estado do
Rio Grande do Sul. Mas os educadores nos dizem que para a educação, assim como
para a saúde, assim como para os direitos sociais, para a área do atendimento
da criança e do adolescente, sem dúvida nenhuma, nós temos nada, porque o Governo nada apresenta.
Portanto, Srs. Vereadores, a luta dos nossos dias deve ser muito forte
e muito firme. A Câmara Municipal de Porto Alegre, por proposição do Ver. José
Valdir homenageia o CPERS - Sindicato pelos 52 anos. Deve-se reconhecer nessa
entidade o alerta que nos faz de como a educação no Rio Grande do Sul sofre e
de como, com esse sofrimento, sofrem os educadores, as crianças, os
adolescentes, aqueles adultos que não conseguiram, porque foram expulsos da
escola, viver o processo de alfabetização quando eram crianças, quando eram
adolescentes.
Nos nossos dias é preciso analisar muito bem todo o desdobramento que a
Lei de Diretrizes e Bases pode trazer para os municípios. Não podemos cair no
discurso fácil da municipalização forçada, apresentada pelo chamado Fundo de
Desenvolvimento e manutenção do Ensino Fundamental e valorização do magistério.
É preciso entender as lutas do magistério gaúcho, não como proposições
corporativas, mas como lutas que nos engrandecem como Estado há 52 anos e que
precisam e devem encontrar nesta Casa o apoio que as portas se abram no Palácio
Piratini e para que melhores propostas venham do Governo do Estado, que vem
sendo omisso em relação à educação. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Garcia está
com a palavra.
O SR. CARLOS GARCIA: (Saúda os componentes da
Mesa e demais presentes.) Gostaria,
primeiramente, de parabenizar o nosso colega, Ver. José Valdir pela iniciativa
de saudar o CPERS - Sindicato. Sou professor do Estado desde 1974 e fico
bastante preocupado porque, nesses momentos, a categoria faz uma reflexão. A
gente, às vezes, se questiona o que estamos comemorando. Nós sabemos da luta do
CPERS que formou e forma, ainda, uma geração de líderes. E hoje centenas de
professores, neste Rio Grande afora, ocupam lugares de projeção dentro da nossa
sociedade. O Sindicato tem uma militância muito forte, algumas vezes, quase
cinqüenta mil pessoas.
Nós estamos sofrendo um processo de desmonte em nível estadual e
nacional. Sucateamento com tudo aquilo que é público e a escola, também, passa
por isso. Começou o sucateamento da escola pública de primeiro e segundo graus
e, hoje, chega às universidades.
Eu pergunto o que está ocorrendo com o magistério gaúcho? Recentemente
trezentos professores foram chamados e nem quarenta compareceram para dizer: eu
quero dar aula. Mais ou menos duas semanas atrás fui chamado de demagógico,
quando apresentamos uma emenda ao Projeto da Vera. Maria do Rosário relativo à
meia entrada de cinema. Nós dissemos que realmente era demagógico propor meia
entrada nos cinemas de Porto Alegre de segunda à quinta para os professores.
Dissemos que era demagógico, sim, porque o que gostaríamos é ocupar esta
tribuna e dizer que os professores, assim como as demais categorias, estavam
bem remunerados. Os professores poderiam levar os seus alunos a assistir
filmes.
Nós entendemos que cinema não é só lazer, mas cultura. Os professores
são os porta-vozes que podem e deverão transmitir aos seus alunos a cultura.
Quero dizer que foi com profundo pesar que fizemos essa emenda, embora
achamos justa mas, foi feita tendo em vista a atual conjuntura do País. O
salário dos professores é aviltante. Falar de um piso de cento e onze reais é
muito pouco para quem se doa tanto. Sempre que posso digo que talvez o erro
maior do professor foi na sua origem, ser ligado ao sacerdócio, mas essa
vocação ninguém vai nos tirar, porque o magistério sempre vai estar ligado ao
sacerdócio, a esse espírito de doação. Agora 253 milhões para a GM, aí tem
dinheiro. Eu pergunto: o que é prioritário neste País? Educação é prioritária?
Acho que não. Saúde é prioritária? Acho que não. Fala-se tanto em
desenvolvimento, mas eu não conheço desenvolvimento que não passe pela
educação. Se queremos realmente promover desenvolvimento, teremos que começar
pela educação.
Há poucas semanas estive no Araújo Vianna e com muita alegria vi uma
luz no fim do túnel, professor. Aquela categoria que estava aparentemente
mórbida ressuscitou e isso é muito bom. O professor está de novo mostrando o
seu papel, não o seu papel de fazer greve, mas como reivindicador, alguém que
pode realmente transformar a sociedade. Professor é aquela pessoa que é um
agente multiplicador, porque através de sua palavra, do seu dia a dia ele tem
contato com milhares de pessoas. Enquanto houver crianças, não tenho dúvidas,
haverá professor. Ninguém vai nos tirar isso, mas eu questiono: o que é
prioritário neste País, se for educação, urge mudanças rápidas. Parabéns,
professor José Valdir, parabéns professora Lúcia. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo
Brum): (Lê Ofício do Sr. Prefeito Municipal
comunicando que o Encontro da Frente Nacional de Prefeitos que seria realizado
dia 24.04.97, em Brasília, foi transferido para o dia 08.05.97.)
Registramos também que o Presidente desta Casa, Ver. Clovis Ilgenfritz,
juntamente com o 2º Vice-Presidente, Ver. Reginaldo Pujol, e com a Vera. Sônia
Santos estiveram no TRE, na posse dos Desembargadores Celeste Vicente Rovani,
Presidente e Hélvio Schuck Pinto, Vice-Presidente. Com a palavra o Ver. Cláudio
Sebenelo.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: (Lê relação dos componentes
da Mesa.) Esta Sessão memorável de comemoração dos 52 anos do CPERS - Sindicato
- e aqui quero cumprimentar o Ver. José Valdir pelo seu
brilhante pronunciamento e pela sua iniciativa, tenta, pelo menos por
instantes, fazer justiça a uma sociedade. Qualquer um de nós que teve a
felicidade de passar por bancos escolares em qualquer grau sabe,
epidermicamente, o que é um professor, uma professora, uma orientação e a
experiência mágica da busca da integração do conhecimento humano. O CPERS -
Sindicato tem uma vida toda, desde a sua origem em 1945, como centro dos
professores, lá na Zona Sul, em Ipanema.; tem vultos - como a Profa. Zilah
Totta, como a Profa. Teresa Noronha, que hoje é prêmio desta Câmara; como o
Prof. Paulo Egon; como a nossa Deputada Estadual Maria Augusta Feldmann -, que
o mostram o quanto foi árdua, o quanto foi disputada, o quanto foi engalfinhada
a conquista de cada degrau nesses 52 anos de vida.
Vocês que todos os dias falam
de construtivismo de Piaget, de Maria Montessori, foram as expressões de uma
evolução social, que muitas vezes tinham dados positivos. E a educação no Rio
Grande do Sul sempre foi o orgulho deste Estado, pela postura de seus
professores, pelas instituições criadas, tanto em nível primário quanto
secundário, superior e na escola privada.
Ser normalista era sinônimo de ser mulher, de ser discriminada, de ser formada no Instituto de Educação.
Homem não era professor. Ser normalista era ser uma mulher que buscava no
ensino ajudar seu esposo a pagar a condução e alguma despesa a mais da casa, tal a miséria do salário nos idos dos
anos 40. Os governos - e aqui fala um Vereador do PSDB - têm falhado com essa
instituição e têm falhado na busca de um pagamento mais justo. É o reconhecimento
que eu faço como homenagem não só a esta classe, mas ao que esta classe tem
ensinado a todos os seus alunos: a busca da verdade. E nós, Vereadores, muitas
vezes, fora do âmbito e impotentes para resolver esse tipo de situação, temos,
pelo menos, o direito de vociferar ao mundo inteiro que está sendo cometida uma
glamorosa injustiça; muitas vezes, sem a possibilidade de ser reparada, como
todas as classes profissionais são injustiçadas. Mesmo assim, o professor tem
nos devolvido à sociedade sul-rio-grandense gerações e gerações de jovens que
vêm se formando e que vão tendo seu caminho balizado pelo cuidado, pela
dedicação, pelo carinho inestimado e pelo extremado cuidado que o professor
enfrenta as licitudes de sua profissão no seu dia a dia. Luta não só com isso,
luta, também, com suas mazelas, com suas falhas que se traduzem na desistência
e na incrível taxa de repetência do País. E, quando a distância da família é
maior, a escola substitui; quando a fome é intensa, a escola provê a merenda
escolar. Para o professor não falta só salário: faltam meios. E mesmo assim ele
leciona, sem meios, porque a palavra, o senso estético do professor, nessa
beleza tão bem acentuada pela Vera. Maria do Rosário, este o professor não
perdeu. Então, ele passa a ser não um profissional, mas um amador. Não um
amador, mas um profissional. Pode ser paradoxal, mas entendemos que o professor
é um amadorista profissionalizado e um
profissional amadorista. Muitas vezes, as greves foram feitas por salários mas,
principalmente, em busca de meios para melhorar a qualidade do ensino. Muitas
vezes, essas greves são profícuas e, não só, elas nos ensinaram a conseguir,
através do diálogo e através da luta, o melhor salário e condições melhores.
Neste momento, o Governo Federal, através das federadas, das secretarias de
educação, tenta melhorar este quadro, informatizando. Também é indispensável
saber que, enquanto o processo de globalização exclui os sindicatos, o
Sindicato CPERS não pode ser excluído, pela sua localização, pela sua forma de
ser e pelo seu exemplo de busca, de
luta em torno da educação. Vocês já nos provaram que educação é vida e vocês os
agentes fundamentais da vida! Parabéns professores! Parabéns CPERS! Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra a Profa. Lúcia
Camini, Presidente do CPERS - Sindicato.
A SRA. LÚCIA CAMINI: Sr. Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre, em exercício, Ver. Paulo Brum; representante do
Prefeito Municipal, nosso companheiro e ex-Presidente do CPERS - Sindicato,
Delmar Stefen; Secretária Adjunta da Secretaria Municipal da Educação, Profa.
Sofia Nunes; Srs. Vereadores; companheiros Líderes do CPERS - Sindicato aqui
presentes e demais pessoas que estão aqui participando desta Sessão.
Inicialmente, gostaria de agradecer e parabenizar o nosso colega Ver. José
Valdir pela iniciativa, sem dúvida nenhuma, importante, possibilitando que
trouxéssemos esse debate quando uma instituição como o CPERS - Sindicato
completa 52 anos de vida. Um CPERS - Sindicato que tem reconhecimento histórico
pela sua trajetória de luta, pela sua combatividade - e gostaria de destacar
que tem uma combatividade reconhecida não só em nível estadual e nacional como,
também, internacional. Quero destacar, também, que é composto em mais de 90%
por mulheres que lutam, que acreditam que é possível, sim, construir um mundo
melhor através da educação. Acho que a história do CPERS - Sindicato não pode
ser contada nem resumida em poucos minutos, precisaríamos de muitos dias de
debates, de relatos e trazer aqui muitas pessoas que testemunharam esta
história valiosa que faz parte da história do Rio Grande do Sul. Não dá para se
falar no projeto do nosso Estado, sem contemplarmos a participação que teve,
sim, o nosso Sindicato. Desde a sua criação minúscula em 1945, muito bem
pensado e que tinha como princípios fundamentais a defesa da educação pública e
da dignidade daqueles que são responsáveis pela educação e pela formação da
cidadania. Nós sabemos que o CPERS - Sindicato enfrentou conjunturas adversas
ao longo desses 52 anos, mas em nenhum momento ele abriu mão de seus princípios
e nem compactuou com políticas governamentais que atentavam contra a escola
pública e contra os direitos dos trabalhadores - não apenas aqueles da
educação, mas o conjunto dos trabalhadores deste País. O CPERS - Sindicato teve
conquista importantes para a categoria e que, sem dúvida nenhuma, teve governos
que fizeram com que nós recuássemos exatamente porque nos retiraram direitos,
mas nem por isso nos fizeram desistir da luta. O Ver. José Valdir citou aqui
muitas das conquistas que tivemos, só para relembrar algumas, gostaria de
destacar a questão da aposentadoria especial que hoje é ponto da Reforma
Administrativa do Estado que quer retirar - e já voltou em 1° turno - o término
desta que foi uma conquista árdua de muita luta de muitos trabalhadores. Nós
conseguimos também a gestão democrática das escolas públicas onde tínhamos
eleição direta e uninominal para diretores de escolas e também para os
conselhos escolares. Foi um projeto amplamente discutido pela sociedade e
garantido em lei, que nos foi retirado no Governo Collares em 1991. Rendeu-nos
muitos revezes porque não tínhamos mais aquele espaço para discutir nosso
projeto pedagógico com a comunidade e garantir que os estudantes daquele
período pudessem fazer o exercício da cidadania, de discutir e de eleger seus
diretores como uma forma de aprendizagem dentro da escola para depois poder
atuar de forma organizada na sociedade. Nós garantimos também os concursos
públicos e a nomeação de inúmeros professores em períodos em que não tínhamos
um quadro de profissionais habilitados e competentes nas escolas para garantir
seu pleno funcionamento. Nós também não nos limitamos apenas às questões
internas da escola. O CPERS - Sindicato esteve presente nos grandes debates
nacionais, como foi o caso das diretas pela redemocratização do País. Nós
também participamos da elaboração da Constituição Federal e da Constituição
Estadual, quando mobilizamos toda a sociedade nesse debate democrático. Nós
também discutimos a forma e o sistema
de governo, abrindo debates regionais e estaduais. Em cada momento de um
processo eleitoral para a escolha de novos dirigentes em nível municipal,
estadual e nacional, o CPERS - Sindicato tem puxado a dianteira para discutir
os projetos em disputa, porque nós entendemos que esse é o nosso papel, um papel
educativo e que significa contribuir com a
transformação social. Nós temos muito claro que, a partir da década de
80, quando nós tivemos um processo de abertura da vida política nacional e
quando houve a ampliação do processo de mobilização dos outros trabalhadores
com a criação da CUT, o CPERS-Sindicato também esteve presente. Realizou
inúmeras mobilizações a que já se fez referência aqui, principalmente as
grandes greves que se fizeram necessárias exatamente para garantir avanços
educacionais num primeiro momento e, no segundo, para garantir a dignidade
profissional e o salário justo. Nós chegamos em 89 com a Constituição aprovada
e o direito de nos sindicalizarmos, depois de muitos anos como funcionários
públicos que não tinham o direito de garantir que a nossa associação se
transformasse em sindicato. A partir de então, nós congregamos também os
funcionários de escolas e nos transformamos no Sindicato dos Trabalhadores em
Educação do Estado do Rio Grande do Sul e fizemos uma aliança mais forte com as
demais categorias. Hoje nós estamos na CUT - Central Única dos Trabalhadores
como uma ferramenta maior de luta e unificação dos trabalhadores para a defesa
da educação e para a defesa dos demais direitos que estão ainda assegurados aos
trabalhadores. A nossa luta se intensifica a cada dia que passa porque nós
poderíamos dizer, hoje, que os motivos pelos quais foi criado o CPERS -
Sindicato, em 1945, permanecem muito atuais. Hoje, os projetos de governos,
tanto em nível nacional quanto estadual, mantêm os salários dos profissionais
da educação arroxados. Gostaria de fazer, de público, uma denúncia: o Governo
do Estado não cumpre a própria lei de política salarial. É por isso que hoje o
professor tem um piso salarial vergonhoso de
111 reais com o abono 44 reais e os funcionários de escola recebem os
míseros 121 reais com um abono de 44 reais. É inconcebível que tenhamos tanta
propaganda na mídia dizendo que estamos caminhando para a modernidade, que este
Estado, enfim, saiu da inércia. Como vamos sair da inércia com os profissionais
da educação com um salário como este? Como vamos sair da inércia quando o
Governo do Estado apresenta uma política salarial que, muito embora a categoria
não aceite, convença a Assembléia a aprová-la e, passado um ano, não cumpre nem
esta mísera política salarial? Então, estamos diante de uma situação que nos
impõe, hoje, um processo ainda maior de mobilização que não passa apenas pela
categoria dos trabalhadores em educação, mas passa pela responsabilidade de
todos os poderosos constituídos, e pela mobilização de todo o conjunto da
sociedade, porque estamos tratando de educação, que diz respeito à condição de
podermos ter desenvolvimento social. Porque a crise que vivemos hoje,
desemprego, todo um processo de reestruturação produtiva está exigindo cidadãos
cada vez mais capacitados. E como vamos pensar na inclusão da maioria da
população neste desenvolvimento social se não garantimos escola e escola de boa
qualidade? Não é à toa que estamos presenciando o crescimento da violência e da
barbárie neste País. Isso se justifica, exatamente, porque essas política
educacionais que se desenvolveram ao longo do último período têm contribuído
para que não tenhamos o conjunto da população na escola em sua idade escolar. E
tampouco tenhamos projetos e investimentos na educação suficientes para
garantir que aqueles que não tiveram acesso à educação durante sua idade
infantil o possam fazer mesmo na sua idade adulta.
E aí entram os projetos da LDB, fundo de valorização, processo de
municipalização, que sem dúvida nenhuma perpassa a lógica do mercado. É querer
fazer com que o Estado arque menos ainda com as políticas sociais, fazer com
que se jogue para o cidadão, individualmente, a responsabilidade de fazer a sua
opção pela educação. E sabemos que hoje a grande maioria da população não tem
como contemplar no seu orçamento recursos para a educação.
O projeto do Governo Britto de gestão da educação aqui no Estado aponta
para parcerias como a iniciativa privada e para a municipalização do ensino.
Como os nossos municípios, que estão em estado de insolvência, vão assumir
tamanha responsabilidade? Sabemos que a educação, principalmente a fundamental,
é que necessita de maiores recursos, porque não implica só pagamento dos
professores, implica merenda escolar, transporte, assistência médica. Enfim,
temos que fazer uma séria reflexão neste momento. E nós estamos dizendo que,
com muito orgulho, estamos comemorando os 52 anos do CPERS - Sindicato e, com
muito orgulho, nós queremos dizer que estamos ampliando muito mais nosso
processo de mobilização e não temos nenhuma timidez para dizer em todos os
espaços públicos que nós temos, que defendemos a educação pública, sim, porque
entendemos que é um direito do cidadão; e que o Poder Público tem que garantir
isso sob pena de negarmos o processo histórico atual e chegarmos ao século XXI
como um País de 4° mundo em vez de 1° mundo.
Neste sentido, eu gostaria de dizer que eventos como esses contribuem,
sim, para fazermos séria reflexão sobre os rumos que a Educação vem tomando
neste País e para que tenhamos mais aliados nessa defesa do profissional da Educação num primeiro momento e, num
segundo, uma escola pública de qualidade competente e com profissionais à
altura que a sociedade gaúcha merece. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Ao encerrarmos esse período
destinado a homenagear o CPERS - Sindicato pelos seus 52 anos, queremos, em
nome da Mesa Diretora da Câmara,
agradecer a presença nesse ato do Sr. Prof. Delmar Stefen, ex-Presidente do CPERS
- Sindicato, representando o Sr. Prefeito; da Sra. Secretária Adjunta da
Secretaria da Educação, Sofia Nunes e da Presidente do CPERS - Sindicato, Sra.
Lúcia Camini. Agradecemos a presença de vocês. Levem com certeza o apoio e o
carinho da Câmara Municipal de Porto Alegre. Muito obrigado.
Estão encerrados os trabalhos.
(Encerra-se a Sessão às 18h 04min.)
* * * * *